São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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REVÉS E FUTURO ESPACIAL

O fracasso da primeira missão espacial brasileira completa, apesar de frustrante, não pode ser tomado como um desastre definitivo, nem é prova de incompetência ou motivo de condenação do programa.
É claro que, até para a continuidade dos trabalhos, devem ser investigadas as causas do problema que forçou a destruição do foguete VLS-1.
No entanto, é preciso considerar que a tentativa de lançamento dos primeiros foguete e satélites nacionais é também uma atividade pioneira de pesquisa. É um trabalho necessariamente experimental.
Deve-se ressaltar também que todos os programas espaciais -americano, russo, chinês ou francês, que seja- sofreram reveses consideráveis tanto em seu início como na sua fase mais avançada. O programa europeu Ariane, por exemplo, perdeu o seu mais avançado foguete em 1996, depois de 15 anos de experiência e de mais de 80 lançamentos.
Outro ponto a considerar é que a destruição de um equipamento como o VLS-1, apesar de custosa e lamentável, não foi vã. Estocaram-se conhecimento e experiência que, com devidas e necessárias correções de rumo, ainda podem fazer com que o país domine e rotinize a tecnologia de lançamentos espaciais.
De resto, é importante lembrar que grande parte dos investimentos realizados no programa espacial não se esfumaçou com o VLS. Lembre-se de que já há investidores interessados em arrendar parte do Centro de Lançamentos de Alcântara e de que o país já recebe encomendas internacionais de lançamentos. Em suma, o programa ainda merece crédito, apesar do fracasso de domingo e desde que fiquem transparentes o destino dos investimentos na área e que a sociedade receba satisfações sobre os problemas ocorridos.

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