São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Iraque adia ultimato após pedido da ONU

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Iraque concordou em estender seu ultimato para a saída de inspetores americanos da ONU do país após um pedido do secretário-geral da organização, Kofi Annan, disse ontem a agência oficial de notícias iraquiana "INA".
Uma delegação de três membros da ONU chega a Bagdá hoje e, segundo a "INA", a ONU terá tempo para avaliar sua missão antes de os americanos terem de partir.
"A liderança iraquiana considerou o apelo do secretário-geral e, para dar uma atmosfera positiva para a missão de Annan ter êxito, decidiu adiar a expulsão dos americanos até que o Conselho de Segurança debata os resultados da missão", disse a "INA".
A agência disse ainda que o vice-premiê Tareq Aziz irá a Nova York para explicar a posição do Iraque diante do Conselho.
Annan, em telefonema a Aziz ontem, havia pedido a extensão do ultimato, que venceria à 1h00 de amanhã em Bagdá (20h de hoje em Brasília).
Os três membros da delegação da ONU chegaram ao Kuait ontem e deveriam seguir hoje para Bagdá. Eles devem voltar a Nova York no fim-de-semana para se reportar ao Conselho de Segurança.
"Nós não estamos indo lá para negociar, estamos levando uma mensagem", disse o sueco Jan Eliasson, membro da delegação.
"Eu estou confiante de que a mensagem será entendida. Espero também que ela seja acatada", disse Eliasson. "Nós temos uma mensagem curta a transmitir, por isso será uma visita breve."
Eliasson não quis dizer que opções restarão se a diplomacia não conseguir convencer o presidente iraquiano, Saddam Hussein.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, defendeu uma resolução pacífica para a crise. "Eu acho que neste momento nós devemos fazer tudo o que podemos para resolver o assunto diplomaticamente", disse.
"Se ele (Saddam) não está tentando esconder armas de destruição em massa, então não deveria se importar se americanos ou outros estão na equipe de inspeção", afirmou Clinton.
Questionado sobre as ameaças iraquianas de derrubar aviões de monitoramento U-2 que voam sobre o Iraque a serviço da ONU, ele disse: "Isso seria um grande erro."
O Iraque voltou a barrar ontem americanos durante inspeções da equipe da Unscom, a comissão da ONU criada após a derrota iraquiana na Guerra do Golfo (1991), encarregada de desmantelar o arsenal iraquiano de armas de destruição em massa. Anteontem o Iraque já havia barrado americanos. Bagdá diz que eles são espiões.
As sanções impostas contra o Iraque em 1990, após suas tropas terem invadido o Kuait, só podem ser suspensas após a Unscom certificar que as armas ilegais foram destruídas.

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