São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997
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Covas comemora com guaraná e feijoada

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de considerar o ágio de 70% na venda da CPFL "extremamente positivo" e de elogiar o fato de as três empresas do consórcio VBC serem nacionais, o governador Mário Covas comemorou a venda da estatal tomando guaraná diet com biscoito de polvilho.
O brinde à privatização da CPFL foi feito no gabinete do governador, no Palácio dos Bandeirantes, logo após o retorno de Covas da Bolsa de Valores. Estava acompanhado do vice-governador, Geraldo Alckmin, e de três secretários.
Mais tarde, ainda contente com o êxito da privatização, Covas continuou a comemoração com outro produto genuinamente brasileiro -uma feijoada, servida no restaurante da Casa Militar do palácio. Safenado, o governador optou por carnes pouco gordurosas.
Covas chegou ao prédio da Bolsa de Valores às 9h28, quando faltavam dois minutos para o início do leilão da CPFL. Foi de helicóptero entre o palácio e a sede do Banespa, no centro de São Paulo. De lá, andou dois quarteirões até a Bolsa.
Zero ao infinito
Encerrado o leilão, Covas subiu para o auditório da Bolsa, no andar de cima. Cumprimentado por auxiliares e funcionários da Bolsa, o governador não escondia sua satisfação. "Setenta por cento é um ágio extraordinariamente positivo", disse.
"Não posso dizer se fiquei surpreso. Saí do palácio com uma expectativa zero ao infinito", afirmou, provocando risos. "Era difícil antecipar o que ia acontecer, mas achamos que o ágio ficaria entre 50% e 60% -70% ficou acima das nossas expectativas."
Para o governador, o adiamento do leilão da CPFL não chegou a ser cogitado, mesmo com o crash das Bolsas. "Se não houvesse aquela turbulência (financeira) , não sei se o resultado seria melhor."
Empresas nacionais
Ao deixar o auditório, Covas conversou por telefone com dois integrantes do consórcio ganhador -Lázaro Brandão (Bradesco) e Antonio Ermírio de Moraes (Votorantim). A ligação caiu quando ele começou a falar com Alcides Tápias (Camargo Corrêa).
Os três estavam na sede do Bradesco, na Cidade de Deus, em Osasco, Grande São Paulo. "Parabéns. Foi uma boa contribuição para regularizar a situação total (da economia)", disse a Brandão.
"A gente fica muito contente por terem sido três empresas nacionais", afirmou, referindo-se às integrantes do consórcio ganhador. A conversa com Antonio Ermírio foi mais curta. "Parabéns. Obrigado pelo interesse", disse.
Ao seu lado, o vice Geraldo Alckmin citava a eficácia do mutirão montado pelo governo para enfrentar a avalanche de ações judiciais contra a privatização. Foram 25 ações, de 15 cidades diferentes -todas derrubadas na Justiça.
Covas saiu do prédio da Bolsa a pé. Cumprimentado por algumas pessoas, caminhou até o Banespa, para pegar novamente o helicóptero. Foi avisado de que Fernando Henrique telefonara para seu gabinete. "Telefono quando chegar."
Ao voltar ao palácio, pediu para ligarem imediatamente para FHC. Foi detalhista. Ao explicar o resultado da operação, fez questão de citar pontos e vírgulas dos números do valor total da venda. Depois, com o mesmo cuidado, falou com o ministro Sérgio Motta.
Um garçom entrou no gabinete do governador com uma bandeja carregada de biscoitos de polvilho e guaraná diet.
No brinde, um único requinte: as taças em que o refrigerante foi servido eram de cristal, do tipo usado para tomar champanhe.

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