São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997
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Presidente se aposenta na véspera da venda

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Na terça-feira, um dia antes da privatização da CPFL, o presidente da empresa, Cesare Manfredi, homologou sua aposentadoria. Cerca de 400 funcionários seguiram o exemplo do presidente.
Segundo a assessoria de imprensa da CPFL, Manfredi, 55, se aposentou porque sabia que não seria mantido na presidência e considerava sua missão na empresa encerrada. Com a decisão, ele não receberá a aposentadoria integral do INSS, uma vez que não completou os 35 anos de serviço. Ele está há 33 anos na empresa, que foi seu primeiro e único emprego.
Manfredi receberá ainda uma complementação que virá da Fundação Cesp, o fundo de previdência do qual participam os funcionários da CPFL.

Explicações
Quanto aos outros 400 funcionários que homologaram suas aposentadorias, há duas explicações para o fato.
Segundo o Sindicato dos eletricitários de Campinas, cidade onde fica a sede da CPFL, os funcionários preferiram se aposentar a correr o risco de demissão. No caso de demissão, eles perderiam o direito de receber a contribuição mensal vitalícia do fundo de pensão.
"Todas as empresas privatizadas cortaram funcionários", diz Wilson Marques, diretor de imprensa do sindicato.
Para o sindicalista, os funcionários deixaram para homologar a aposentadoria no último dia para conseguir o máximo de benefício do fundo, que é proporcional ao tempo de serviço.
Para a assessoria de imprensa da CPFL, o motivo das aposentadorias é outro. Segundo ela, os funcionários estariam com medo da reforma da Previdência.
Os trabalhadores da CPFL, ainda segundo a assessoria da empresa, estão fazendo o mesmo movimento que outros funcionários públicos, que estão se aposentando para usufruir dos benefícios da lei atual. A nova lei poderá estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria, o que não acontece hoje.
Para a assessoria da CPFL, as aposentadorias aconteceriam mesmo sem a privatização da empresa.

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