São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997 |
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Fava indica "desafios"
FERNANDO ROSSETTI
O primeiro é o orçamento. A USP recebe 5% da arrecadação do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), o que este ano dá em torno de R$ 800 milhões. Quando Fava assumiu, em 1993, a projeção era de um crescimento contínuo do ICMS. Só que a chamada Lei Kandir, visando aumentar as exportações, eliminou parte da carga tributária de produtos exportados, provocando uma queda de arrecadação do ICMS calculada em R$ 1 bilhão para o Estado de São Paulo e R$ 40 milhões para a USP. Segundo o reitor, o problema agora é que o crescimento da arrecadação do ICMS está entre 2% e 3% ao ano, que é exatamente o crescimento vegetativo da universidade (aposentadorias, quinquênios nos salários, entre outras coisas). Assim, para crescer, ou a universidade terá de receber uma cota maior do ICMS, ou o próprio ICMS terá de crescer mais, ou terão de ser encontradas novas fontes de recursos. O segundo desafio é também na área orçamentária. Atualmente os aposentados são incluídos no orçamento da universidade (e consomem 26% desses recursos). Ou seja, à medida que os docentes se aposentam, sobra menos dinheiro para os que estão na ativa. A saída é criar um fundo de aposentadoria separado do orçamento da USP. Há estudos em andamento nesse sentido. As estimativas são que a criação desse fundo irá exigir um investimento que pode ir de R$ 90 milhões a R$ 800 milhões. Outro desafio importante, diz o reitor, é uma reformulação da estrutura departamental da universidade. Historicamente, os departamentos são as "células" do "organismo" USP. São eles que em geral disputam recursos e bolsas para pesquisa, além de serem a base do poder político na USP. Só que hoje há departamentos com três professores e departamentos com 190. "Vai ser necessário redefinir as dimensões dos departamentos de acordo com a natureza da área do conhecimento com que trabalham", afirma Fava. O quarto desafio é como lidar com a isonomia salarial. Os docentes da USP não recebem a mais por desempenho -só por titulação e tempo de serviço- e têm salários iguais aos da Unicamp e Unesp. Para Fava, é necessário premiar o desempenho de professores. A USP também está com melhor condição financeira de dar aumento salarial aos seus docentes do que a Unicamp e Unesp, mas não pode por causa da isonomia. Por último, o reitor considera que seu sucessor terá de desenvolver indicadores mais apurados do desempenho dos docentes em ensino e extensão. "Os indicadores de pesquisa são consensuais em todo o mundo. Mas falta algo que diga o que é um bom professor e um bom trabalho de extensão", afirma. (FR) Texto Anterior: USP promove segundo turno para reitor Próximo Texto: Veja quem são os candidatos Índice |
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