São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997
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Choque de juros deve deixar inflação deste ano abaixo de 4%, prevê a Fipe

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A elevação dos juros vai derrubar a taxa de inflação de 97 para o menor patamar anual desde o início da década de 50. A inflação deste ano deve ficar em 3,9%, prevê Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao consumidor da Fipe.
Essa taxa é inferior à previsão inicial para 97, quando a expectativa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas era de inflação acima de 4%.
Se a previsão de Heron do Carmo for confirmada, os 3,9% serão a menor taxa anual desde 1950, quando os preços tiveram reajuste médio de 3,7% em São Paulo, segundo dados da Fipe.
As novas taxas de juros vão provocar também um fato inédito na inflação nos últimos 50 anos: deflação no segundo semestre do ano em São Paulo. O economista da Fipe prevê queda de pelo menos 0,2% na média dos preços do início de julho ao final de dezembro deste ano.
O economista da Fipe diz, no entanto, que a grande queda na taxa de inflação deve ocorrer no próximo ano. Os principais itens que ainda estão segurando a taxa de inflação devem desabar em 98.
Entre esses itens, Heron do Carmo destaca os serviços públicos residenciais, transportes urbanos e matrículas e mensalidades escolares. Todos estão com reajustes acumulados acima de 12% nos últimos 12 meses, para uma inflação de 4,21% no período.
Aluguéis
Os serviços públicos subiram 17% nos últimos 12 meses, taxa que não deve se repetir em 98, uma vez que o governo já refez os grandes reajustes de preços no setor.
Os reajustes de aluguéis, que estão com taxa acumulada de 11,4% nos últimos 12 meses até outubro, também vão subir bem menos. Se for mantida a média atual de reajustes de 0,29% ao mês, o acumulado de 98 ficaria em apenas 3,5%.
Já os setores de transporte e de educação, que reajustaram preços pela inflação passada -a de 96 ficou em 10%-, também devem diminuir o ritmo para patamares próximos aos da inflação de 97, que deve ficar abaixo de 4%.
As novas taxas de juros vão ter efeito mais sobre o ritmo de economia do que sobre os preços, diz Heron do Carmo. Só que a redução do ritmo da economia vai inibir ainda mais a demanda, derrubando preços, principalmente de serviços, diz Heron do Carmo.

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