São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Governo usa BNDES para garantir leilão

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A BNDESPar (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Participações), subsidiária do BNDES, ofereceu aos interessados na CPFL a possibilidade de ela comprar uma parte da empresa para viabilizar o leilão.
A informação foi confirmada à Folha pelo próprio BNDES. A iniciativa da BNDESPar foi parte do esforço feito pelo governo federal para assegurar que não haveria um fracasso no leilão da CPFL.
O governo temia que um eventual fracasso agravasse ainda mais o quadro de instabilidade econômica provocado pela crise nas Bolsas. Após o crash, no último dia 23, diversos analistas do mercado defenderam o adiamento do leilão.
Financiamento
Além de ter se oferecido para comprar parte das ações, a subsidiária do BNDES também negocia com a VBC Energia, empresa líder do consórcio que arrematou a CPFL, a compra de debêntures de uma empresa a ser criada para gerir a ex-estatal.
Debêntures são títulos de crédito, conversíveis ou não em ações, que as empresas emitem para captar empréstimos. Quando são convertidas em ações, o credor torna-se acionista da empresa.
Ainda não está definido de quanto será a emissão de debêntures porque o perfil da empresa gestora da CPFL também não está ainda definido. Ela poderá ter um perfil maior, sendo gestora de outros empreendimentos do consórcio liderado pela VBC Energia.
Um desses empreendimentos é a parcela Norte-Nordeste da CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), do Rio Grande do Sul, cujo controle foi adquirido por um grupo liderado pela VBC.
Para liquidar seus compromissos nas compras da CPFL e da CEEE, o consórcio vai precisar de US$ 2 bilhões, e já teria recebido ofertas de US$ 6 bilhões -do total US$ 1 bilhão seria do BNDES.
O banco também se dispôs a financiar até 50% do preço mínimo da empresa (R$ 886 milhões) para o consórcio vencedor. A iniciativa não é inédita. No caso da Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia), recém-privatizada, o banco também colocou esse tipo de financiamento à disposição dos compradores.
A diferença é que antes da crise das Bolsas, que colocou em risco a sobrevivência do Plano Real, o banco estatal só admitia financiar, no máximo, 30% do preço mínimo da CPFL, fixado pelo governo do Estado em R$ 1,772 bilhão.
No caso da eventual compra de ações, o procedimento também não seria inédito. Isso ocorreu na venda da Light, em maio de 96, e na da Vale, em maio deste ano.
No caso da Light, a BNDESPar comprou no leilão 9,14% do capital da empresa. Sem essa intervenção, a energética poderia ter ficado sem comprador.
No caso da Vale, a subsidiária do BNDES entrou com uma participação de 9% no capital da Valepar, empresa que comprou 52,2% do capital da então estatal.

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