São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Lula volta a criticar desunião da esquerda

Oposição é comparada a 'afogados'

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) radicalizou verbalmente ontem ao pedir a união das oposições na eleição presidencial de 98. "Ou decidimos que vamos entrar no mesmo barco ou vamos ficar nessa viadagem", afirmou.
A declaração foi feita ontem à noite em ato contra o desemprego na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Lula comparou o governo a um oceano e as oposições a "afogados" que resistem a entrar em barcos que não sejam seus.
A grande dificuldade para Lula tornar-se efetivamente candidato à Presidência da República é a relutância de outras legendas de esquerda à coligação com o PT e, de outro lado, a resistência de diretórios petistas a alianças estaduais.
Lula fez um discurso de candidato, aplaudido majoritariamente por militantes petistas, embora o ato tivesse a presença de representantes de PDT, PSB, PMDB, PC do B e PMN.
Chamou o presidente Fernando Henrique Cardoso de "mentiroso", "cínico" e "cretino". Falando aos jornalistas antes da solenidade, Lula disse que FHC mentiu quando em entrevista afirmou que conversara com o petista sobre o Plano Real, quando o tucano era ministro da Fazenda do governo Itamar Franco.
"É mentira do Fernando Henrique. Estive com ele uma vez, junto com o Aloizio Mercadante. Naquela ocasião, ele nem pensava em Plano Real", afirmou.
Para a platéia que o recebeu com o grito de "Brasil urgente, Lula presidente", o possível candidato petista disparou o "cínico" e "cretino" para FHC quando discordou das explicações governamentais para a morosidade das votações das reformas e para o crash das Bolsas.
O tom da fala de Lula foi sempre agressivo. Disse que FHC se considerava o "príncipe de Mônaco" e que ignoraria os problemas sociais do país por conhecer mais o exterior.
No final do discurso, Lula revelou desilusão com a falta de força que a oposição mostra para enfrentar questões como o desemprego. "Nós já fomos mais combativos, lutadores e resistentes", disse.
Ao chegar à sede do sindicato, Lula declarara que "adoraria participar de uma campanha eleitoral para debater e mostrar que Fernando Henrique mente à sociedade". A sequência da frase, no entanto, não autorizou que se desse sua candidatura como fato consumado. "Mas não sei se a candidatura será possível", ressalvou.
Rossi
A grande surpresa do ato organizado pelo PT paulista foi a presença de Francisco Rossi, o pedetista que pode concorrer ao governo do Estado.
Recebido com mais aplausos que vaias, Rossi, que há menos de um mês lançara a candidatura presidencial de Leonel Brizola (PDT), manifestou apoio a Lula.
"A melhor candidatura a presidente está aqui entre nós", afirmou, apontando para Lula. Em tom religioso, Rossi apelou: "Querido companheiro Lula, vamos dar as mãos e transformar esse país". Políticos quercistas também participaram do ato.

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