São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Ato vira 'arrastão de depredação' na USP

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Um protesto contra a morte do estudante Daniel Pereira de Araújo, 15, encontrado morto anteontem na raia olímpica da USP (Universidade de São Paulo), terminou em depredação na tarde de ontem na Cidade Universitária (zona sudoeste de São Paulo).
Duas cabines da segurança universitária foram incendiadas pelos manifestantes, que também arrancaram um portão, quebraram vidros de prédios, danificaram telefones públicos e coberturas de pontos de ônibus. Dois ônibus urbanos que passavam pelo local também foram depredados.
Familiares de Daniel e professores e funcionários da USP responsabilizam seguranças da universidade pela morte do garoto e pelo espancamento de seis colegas que nadavam na raia olímpica na tarde de domingo.
Um professor e um funcionário da USP ficaram levemente feridos no protesto e foram medicados no Hospital Universitário. Nenhum manifestante foi preso.
Revolta
Os manifestantes começaram a se concentrar em frente à reitoria, onde acontecia a eleição para reitor, por volta das 13h de ontem.
Estudantes, professores e funcionários picharam os muros da reitoria e do prédio do conselho universitário, culpando a USP pela morte de Daniel e pedindo a reabertura do campus à comunidade.
"Reitoria Assassina - Viva São Remo", "Fora Muro da Vergonha" e "Academia da Morte" eram algumas das frases pichadas.
Por volta das 14h, dois ônibus com aproximadamente 50 moradores da favela São Remo, que fica dentro da Cidade Universitária, chegaram à manifestação. Eles vinham do enterro de Daniel, no cemitério Dom Bosco, em Perus (zona noroeste).
Com cerca de 300 pessoas na rua da Reitoria, o clima da manifestação começou a esquentar. Janelas da reitoria e do conselho universitário foram quebradas com paus e pedras, ferindo duas pessoas que votavam para reitor. Tomates foram arremessados contra funcionários da reitoria.
Por volta das 15h, começou a chover forte no campus e os manifestantes se esconderam embaixo de uma marquise do prédio da reitoria. Minutos depois, a cabine da segurança universitária na rua da Reitoria começou a pegar fogo.
Segundo testemunhas, estudantes e moradores jogaram álcool na cabine e atearam fogo, destruindo completamente a guarita.
Na sequência, um grupo de cerca de 50 moradores da São Remo começaram a fazer um "arrastão" de depredação em direção à favela. Pontos de ônibus, orelhões, vidraças e ônibus foram danificados por paus e pedras (veja mapa abaixo).
Na rua da Prefeitura, os manifestantes incendiaram outra cabine da segurança e arrancaram o portão que separa a favela do campus.
Por último, eles tentaram derrubar um muro que divide a rua da Prefeitura da favela, usando barras de ferro.
Mas, com a chegada de dez policiais militares em seis carros, os manifestantes se dispersaram.

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