São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997 |
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Organizadores dizem ter perdido controle
OTÁVIO CABRAL
A manifestação foi organizada por 11 entidades de funcionários, alunos e professores da Universidade de São Paulo e de moradores da região do Butantã (zona sudoeste de São Paulo), além de partidos políticos de esquerda. O protesto foi programado para coincidir com o segundo turno das eleições para reitor da USP, realizado ontem. Antes da chegada dos dois ônibus com moradores da favela, a manifestação transcorria com relativa tranquilidade. Apenas os muros haviam sido pichados e algumas janelas, quebradas. Professores O professor Jair Borin, presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), uma das entidades organizadoras, diz que a manifestação foi programada para ser pacífica. "Queríamos apenas mostrar nossa indignação pela morte de um garoto de 15 anos dentro do campus, mas a manifestação perdeu o controle devido à revolta das pessoas", afirmou Borin. Na opinião do professor, a reação violenta dos amigos de Daniel deriva da violência dos seguranças do campus. "O problema é a violência do fim-de-semana que resultou na morte do Daniel. Algumas pessoas já vieram pensando em descontar essa morte, com indignação e revolta. A violência gera mais violência." Funcionários Claudionor Brandão, diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), não acredita que os discursos exaltados de sindicalistas e políticos tenham incitado a violência. Para ele, os discursos não pregavam a violência, mas a revolta dos manifestantes surpreendeu os organizadores. "Sabia que os ânimos estavam exaltados, mas não esperava tanta violência." Como Borin, ele também culpa a política do reitor Flávio Fava de Moraes pela depredação. "A violência da reitoria em excluir a comunidade do campus e colocar seguranças truculentos gera uma reação violenta. Mas não se pode culpar apenas os moradores da São Remo pela agressão. Acho que todos que estavam aqui são responsáveis", declarou. A secretária Luciene Maria dos Santos, 24, uma das organizadoras da manifestação entre os moradores da São Remo, ainda tentou controlar os manifestantes no início da depredação. Sem sucesso. "Quando eu vi aqueles meninos com paus e pedras nas mãos, tentei convencê-los a protestar em paz, sem destruir nada. Mas eles estavam transtornados. A manifestação fugiu do nosso controle." (OC) Texto Anterior: Ato vira 'arrastão de depredação' na USP Próximo Texto: Guardas não estão suspensos Índice |
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