São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997 |
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Estatísticas ignoram proliferação
LUCIA MARTINS
A crítica foi feita por Daniel Tarantola, coordenador da MAP, uma rede mundial de cientistas que estuda o avanço da epidemia, durante o fechamento do Simpósio da MAP para América Latina e Caribe, encerrado ontem no Rio. "Se o Brasil não começar a fazer levantamento em grupos para analisar o número de infectados, e não o de doentes, os planos para conter a evolução da doença podem não funcionar. É exatamente onde há um 'gap' (falha) que o vírus se desenvolve." No Brasil, a contagem do número de casos de Aids é feita apenas quando o doente chega ao sistema de saúde. O problema é que alguns portadores do HIV podem demorar até dez anos para começar a manifestar os sintomas da doença. Com isso, o quadro dos infectados tem geralmente um atraso de dez anos. Outro problema é que, como a Aids ainda envolve muito preconceito, há um alto índice de subnotificação (pessoas que escondem a doença). A sugestão dada por Tarantola e por Peter Lamptey, diretor da AidsCap (um programa de prevenção da Aids dos EUA), é que o Brasil comece a fazer pesquisas na fonte, levantando o número de infectados em locais de exames de HIV ou em grupos de risco. Um país considerado modelo hoje em estatísticas sobre Aids é a Tailândia. Há três anos, o país faz, a cada seis meses, uma pesquisa anônima com grupos de risco para saber o número real de infectados. Essa estratégia conseguiu reduzir a epidemia entre os presos e usuários de drogas. Pedro Chequer, coordenador do Programa Nacional de Aids brasileiro, afirmou ontem que o método oficial de contagem continuará sendo o de notificação de doentes registrados pela rede de saúde. Ele disse, no entanto, que o Ministério da Saúde começou a fazer levantamentos em grupos específicos sobre infectados com o vírus. Texto Anterior: Barrado no baile; Tchau e benção; Fé não falha Próximo Texto: Verba do coquetel não veio Índice |
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