São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Faltam verbas, diz presidente

DA REPORTAGEM LOCAL

A Folha relacionou algumas perguntas e reivindicações normalmente apontadas por adolescentes infratores em ocasiões de rebelião. As questões foram respondidas pelo presidente da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), Eduardo Roberto Domingues da Silva.
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Folha - A principal reclamação dos infratores é quanto a superlotação das unidades da Febem. Como resolver esse problema?
Eduardo Roberto Domingues da Silva - A superlotação é um fato que existe. De um ano para cá, a lotação aumentou 50% nas nossas unidades. Precisamos de verba para construir novas unidades.
Folha - Além disso, o que mais pode ser feito?
Silva - O problema não se resolve só com novas casas de recolhimento. É preciso observar o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e internar apenas aqueles casos mais graves. Poderíamos ter uma redução de 20% das unidades caso fossem colocados em liberdade os menores que cometeram infrações leves.
Folha - Os adolescentes costumam criticar a alimentação.
Silva - A alimentação oferecida em nossas unidades melhorou muito.
Sobre a suposta violência, principalmente de monitores?
Silva - Nós usamos todos os instrumentos para coibir os prováveis casos de violência. Na nossa administração já ocorreram casos exemplares de funcionários punidos em razão de algum caso de violência.
Folha - Os menores infratores reclamam, com frequência, da qualidade das roupas que têm de usar e que ficam até uma semana com as mesmas peças.
Silva -Temos um estoque razoável de roupa. Não é verdade que os adolescentes ficam até uma semana com a mesma roupa. Elas são trocadas de dois a três dias.
Folha - Não os menores, mas autoridades e membros do legislativo costumam criticar os gastos da Febem com cada criança ou adolescente internado.
Silva - A alimentação, os medicamentos e as equipes de médicos, psicólogos e de segurança são em número muito maior na Febem do que no sistema prisional, por exemplo. Por isso a diferença de custos. Além disso, o atendimento 24 horas dos menores e a escala de revezamento dos funcionários acabam encarecendo o serviço.

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