São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997 |
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Mães ficam desesperadas
ANDRÉ LOZANO
"Vão matar nossos filhos. Seus covardes, vão bater nas suas mães", gritava Analdina Alves dos Santos, 51, para os policiais e monitores. Era possível ver os garotos sendo conduzidos seminus através da cerca de tela de metal. "Por que vocês não vão tirar a roupa do governador? Deixem nossos filhos em paz. Onde está o juiz-corregedor?", dizia o metalúrgico José Pereira dos Santos, 50, que tem um filho de 17 anos internado há três dias na Imigrantes. "Isso aqui (o complexo da Imigrantes) é a universidade da bandidagem. O garoto que cometeu um pequeno delito entra inocente e sai perigoso", afirmou Santos. Dez mães tentaram derrubar uma parte do alambrado de dois metros de altura que delimita o complexo da Imigrantes, mas, quando as estacas que o segura já estavam quase no chão, aproximaram-se funcionários e PMs da tropa de choque que pediram para elas se afastarem. "A Justiça é incoerente. Meu filho tem problema com drogas. Pois bem, eu consegui uma clínica para tratá-lo. Paguei R$ 900 adiantados, mas o juiz insiste em manter o meu filho preso nesse lugar. Dessa forma ele não vai se recuperar, muito pelo contrário", disse Virgínia Alvarenga, que tem um filho de 17 anos recolhido na Imigrantes. OAB Segundo o presidente da Comissão de Defesa da Criança da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Carlos Eduardo Di Pietro, os garotos foram levados para o galpão para tomar lanche e esperar possível remoção. Segundo Di Pietro, muitos garotos afirmaram que apanharam de monitores antes e durante a rebelião. "A violência que teriam sofrido antes da rebelião teria sido uma das causas do desencadeamento da revolta." (AL) Texto Anterior: Superlotação aumenta 50% em um ano Próximo Texto: Incidente é o 4º desde domingo Índice |
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