São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Genes

EDUARDO OHATA

Uma tabuleta no Northside Bombers Boxing Club, em St. Louis, EUA, traz inscrito o lema da academia: "Em harmonia".
O local é comandado por Charles Hamm. Para atrair os garotos, Hamm apela para seus estômagos, pagando hambúrgueres após os treinos.
Segundo Hamm, um dos de seus melhores lutadores foi Leon Calvin, que começou a frequentar a academia em 1979, aos oito anos de idade.
Com o passar dos anos, tanto o talento como os problemas do lutador aumentavam. Ele não estava em harmonia.
"Não foram poucas as vezes que tive de expulsar Calvin da academia", lembra Hamm. "Ele falava muitos palavrões. Além disso, bastava que um colega de treino olhasse torto em sua direção para ser agredido."
Na adolescência, o círculo social de Calvin era formado por membros de gangues.
Em junho de 1990, no All Star Sports Bar, em Indiana, Calvin tornou-se profissional, sob os olhares atentos de seu pai, o ex-campeão mundial dos pesos pesados, Leon Spinks. "Ele luta como eu, mas tem mais potencial", disse Spinks, após a vitória de seu filho. "Ele tem uma pegada excepcional. E faz sucesso com as garotas também."
Pouco depois, no final de julho, a apenas oito dias de seu terceiro combate profissional, Calvin foi encontrado morto no carro da namorada. A suspeita era de que se tratava de vingança de uma gangue rival.
As despesas do funeral de Calvin foram pagas por seu tio, Michael Spinks, ex-campeão dos meio-pesados e pesos pesados, porque o pai do lutador havia torrado, há muito tempo, seu dinheiro com festas e mulheres.
No próximo dia 21, o outro filho de Leon Spinks, Cory, 19, fará sua estréia profissional entre os meio-médios-ligeiros. Quatro vezes campeão nacional amador, ele espera que os genes da família Spinks o ajudem a repetir pai e irmão. Apenas dentro dos ringues, claro.

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