São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Protesto tumultua abertura de evento FERNANDO OLIVA FERNANDO OLIVA; PATRICIA DECIA
O ator Pascoal da Conceição, do grupo Oficina, foi retirado à força por seguranças na abertura do Encontro da Cultura Brasileira, anteontem à noite, no auditório do Memorial da América Latina, onde se encontravam o vice-presidente Marco Maciel e o ministro da Cultura, Francisco Weffort. Pouco antes do início da solenidade, às 20h50, Conceição, com oito atores e dois músicos da Companhia de Teatro Aves de Arribação, dirigida por ele, declamou o poema "O Vôo do Gênio", da obra "Espumas Flutuantes", de Castro Alves (1847-1871). O poeta baiano é um dos principais homenageados do evento. Segundo a organização, a intervenção dos seguranças ocorreu a pedido de um membro da diretoria do Memorial. Além do vice-presidente e do ministro, estavam presentes no auditório o governador Mário Covas, o prefeito Celso Pitta, o secretário de Estado da Cultura, Marcos Mendonça e o secretário municipal da Cultura, Rodolfo Konder. Na mesma noite, por volta das 20h, Weffort, Pitta, Konder e Mendonça haviam inaugurado a mostra "Castro Alves É do Povo", na réplica de um navio negreiro instalado na área externa do memorial. A performance começou com os músicos Wagner Alberto, tocando um instrumento de percussão, e Rafael Geossel, tocando violão. A atriz Fabiana Serroni subiu ao palco com um lírio na mão, declamando o poema de Castro Alves. Conceição, que fazia o mesmo na platéia junto a outros atores, foi retirado do auditório por três seguranças do Memorial. Na entrada do auditório, após ter sido expulso, Conceição disse que o protesto foi uma homenagem ao poeta, que costumava declamar seus poemas em locais públicos. "Foi um exercício democrático de liberdade. Queria recitar Castro Alves na frente de Jorge Amado." "Castro Alves sempre falou publicamente, e eu sou ator, não tenho pudor de falar em espaços onde a liberdade está proibida." Conceição dirige peça baseada em poemas de Alves, "Espumas Flutuantes - O Vôo do Gênio". Após o incidente, ocorreu a entrega do prêmio Ministério da Cultura 1997, no valor de R$ 25 mil. O primeiro a receber foi o escritor Jorge Amado, por literatura. Na categoria artes cênicas, o premiado foi o dramaturgo Gianni Ratto. Hans Joachim Koellreuther ganhou em música e Francisco Stockinger, em artes plásticas. Um dos mais aplaudidos da noite, Emanoel Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado, recebeu o prêmio de patrimônio e memória. Na categoria cinema, houve dois vencedores: Tata Amaral e Ruy Guerra. Antônio Nóbrega recebeu o prêmio de cultura popular e a manifestação folclórica "Boi do Maranhão" ganhou como grupo. Colaborou Patricia Decia, da Reportagem Local. Texto Anterior: UM CONTO DE TARANTINO Próximo Texto: Programação Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |