São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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PM assume a segurança no campus

OTÁVIO CABRAL

OTÁVIO CABRAL; MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Reitoria alega que guardas estavam sendo hostilizados; medida segue até pelo menos a segunda-feira

A Polícia Militar assumiu a segurança no campus da USP (Universidade de São Paulo). Desde ontem, 25 policiais militares percorrem o campus, na Cidade Universitária (zona sudoeste de São Paulo), em seis carros. Eles substituem os 60 guardas universitários, afastados do esquema de segurança.
A decisão foi tomada após as manifestações que ocorreram anteontem na USP. Moradores da favela São Remo, que fica dentro da Cidade Universitária, incendiaram duas cabines da guarda universitária, depredaram ônibus, pontos de ônibus e telefones públicos e derrubaram um muro em protesto contra a morte do estudante Daniel Pereira de Araújo.
Daniel foi encontrado morto na madrugada de quarta-feira, na raia olímpica da USP. Ele estava desaparecido desde a tarde de domingo, quando nadava na raia com oito amigos, o que é proibido. Os seguranças teriam agredido seis garotos e perseguido Daniel, que desde então não foi mais visto.
Muro
A reitoria da USP decidiu solicitar o auxílio da Polícia Militar na noite de anteontem, quando os moradores da São Remo voltaram a protestar.
Segundo o tenente-coronel José Francisco Giannoni, comandante do 16º Batalhão da Polícia Militar, por volta das 22h30, um grupo de cerca de 50 adolescentes derrubou o muro que separa a favela do Hospital Universitário. "Colocamos 16 homens no campus para acabar com a manifestação", afirmou.
Ontem de manhã, depois de se reunir com o reitor Flávio Fava de Moraes, Giannoni decidiu manter 25 homens na universidade até segunda-feira ao meio-dia, quando outra reunião decidirá se o policiamento irá continuar.
Ruy de Campos Pereira da Silva, assessor da prefeitura da Cidade Universitária, explica que a reitoria chamou a PM porque os seguranças não têm condições de trabalhar. "Eles estão sendo hostilizados. Seria um risco deixá-los trabalhando normalmente", afirmou. Além disso, Silva diz que a PM precisa preservar o patrimônio da USP de novas depredações.
Os PMs se concentraram nos três pontos em que ocorreram os principais protestos e depredações.
Cinco carros ficaram concentradas em frente ao Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), onde o muro foi pichado e duas paradas de ônibus destruídas.
Os outros pontos foram o Hospital Universitário e a reitoria.
Devido ao protesto, os oito ônibus circulares da USP não rodaram ontem. Os 140 veículos da prefeitura da Cidade Universitária que prestam serviço no campus também não saíram das garagens.
Menos de 24 horas depois da manifestação, os muros pichados já estavam limpos. As duas cabines da guarda destruídas devem estar reformadas até segunda-feira.

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