São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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Segurança não tem arma e só cuida de patrimônio

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os seguranças da Universidade de São Paulo não andam armados, fazem rondas em duplas a pé, de carro ou em motocicletas e têm como função principal a preservação do patrimônio da USP.
O único equipamento de que eles dispõem é um radiotransmissor, para entrar em contato com a supervisão e com a Polícia Militar.
As informações foram passadas por Ruy de Campos Pereira da Silva, assessor da prefeitura da Cidade Universitária.
Segundo ele, a guarda universitária tem 60 funcionários, a maioria deles homens. Os guardas são divididos em quatro grupos de 15, que trabalham 12 horas e folgam 36 horas.
Antes da morte de Daniel, de acordo com Pereira da Silva, os guardas nunca haviam sido suspeitos de participar de casos de agressão, espancamento ou morte.
A principal orientação que a supervisão de segurança transmite aos guardas universitários, segundo o assessor, é nunca entrar em choque direto com qualquer pessoa que esteja "infringindo as normas da universidade".
Caso a pessoa repreendida não aceita a orientação do segurança, ele deve chamar a Polícia Militar. "Por isso a presença da PM no campus é necessária. Os guardas não entram armados no campus e não podem reagir às provocações. Nesses casos, a PM é chamada."
Salário
Para uma pessoa ser admitida no corpo de segurança da USP, precisa ter o segundo grau completo, ter carteira de motorista profissional e habilitação para dirigir motocicletas.
Além disso, o pretendente ao cargo precisa ter bons antecedentes criminais. "Não basta o atestado de antecedentes. A USP levanta toda a ficha criminal do candidato na polícia. Caso ele tenha qualquer passagem, não será aceito", afirmou o assessor.
A escolha dos candidatos é feita por concurso público e é aberta a qualquer pessoa.
O salário inicial do segurança é de cerca de R$ 700. O cargo máximo que ele pode atingir é o de supervisor de segurança, com um salário aproximado de R$ 1.100.
A responsabilidade pela contratação e remuneração da guarda universitária é da prefeitura da Cidade Universitária. O orçamento da guarda gira em torno de R$ 150 mil anuais.
O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), a quem os seguranças são filiados, diz que a função da guarda foi distorcida na gestão do reitor Flávio Fava de Moraes. "A USP já teve uma segurança modelo, copiada por várias outras universidades do Brasil. Mas, com o Fava, eles se militarizaram. A única função deles é proibir a entrada da comunidade no campus", afirmou Claudionor Brandão, diretor do Sintusp.
(OC)

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