São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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Benjamin Taubkin lança CD em A Casa

CARLOS BOZZO JUNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

O pianista e compositor Benjamin Taubkin, 41, tocou em aulas de dança frequentadas por Ruth Rachou, Klauss Vianna e Sonia Motta. Foi músico da noite, em que aprendeu a tocar samba, choro, bolero, standards da música americana e francesa.
Teve como heróis John Coltrane, Bill Evans, Hermeto Pascoal e Jacob do Bandolim.
Acompanhou músicos que admirava, como Paulo Moura, Zizi Possi, Rafael Rabello etc.
Não se deu por contente e, há um ano, fundou, com os músicos Mané Silveira, Toninho Ferragutti e Teco Cardoso, a gravadora e produtora Núcleo Contemporâneo.
O lançamento do seu CD "A Terra e o Espaço Aberto" será no espaço cultural A Casa, que foi idealizado e coordenado por Taubkin e Renata Mellão para promover encontros da tradição com o contemporâneo, em atividades ligadas à cultura brasileira.
O CD apresenta uma colagem das experiências vividas pelo pianista, que é acompanhado por músicos de primeiro time, como Marcos Suzano, Toninho Carrasqueira e Lui Coimbra.
A seguir, trechos da entrevista.
*
Folha - O que representam esses sons diretos na sua música?
Benjamin Taubkin - Uso ruídos de rua, gravados por mim, para passar a idéia de estar andando em uma cidade. Minha música caminha para um lado, onde existe uma colagem. Quando estou tocando ou ouvindo música, ouço sons de rua, sons de movimento.
Folha - O que você tinha em mente ao elaborar esse CD?
Taubkin - Quis mostrar como ouço música e o que estou ouvindo, sem me preocupar com estilos. Então, chamei os músicos com quem mais me identifico.
Folha - Como você se classifica: pianista, compositor ou produtor?
Taubkin - Antes de tudo, gosto de ouvir música, mais até do que tocá-la. Depois, me classifico como pianista.
Folha - Qual é o nome que você dá a sua música?
Taubkin - É uma música brasileira feita hoje, com muita influência do jazz e da música popular e folclórica brasileira.
Folha - Como você vê esse resgate do maracatu, do bumba-meu-boi na música brasileira?
Taubkin - É fundamental haver isso em um país com a riqueza musical tão grande quanto a do Brasil. Um ritmo como o chamamé, de Goiás, é intuitivo, mas ao mesmo tempo muito sofisticado. Enquanto uma mão toca em compasso de três tempos, a outra toca em dois. O trabalho do Chico Science, por exemplo, tem um grande valor. Ele resgatou, com o maracatu, a cultura de seu próprio local com orgulho, indo além da música.
Folha - Qual é o panorama da música instrumental brasileira?
Taubkin - O grande drama da música instrumental brasileira é que ela virou um estilo, que tem mais a ver com Los Angeles do que com o Brasil. Nos anos 80, ela passou por um grande engano, que era reproduzir o que os músicos estrangeiros viam em nossa música. Então o baterista e o baixista tocavam como americanos, fazendo uma música brasileira com sotaque. Hoje está havendo uma redescoberta da música brasileira pelos próprios músicos, como Caíto Marcondes, Marcos Suzano e Toninho Carrasqueira. Cada um, em uma determinada vertente, apresenta um trabalho de qualidade.

Disco: A Terra e o Espaço Aberto
Artista: Benjamin Taubkin
Lançamento: Núcleo Contemporâneo
Quando: hoje, às 21h
Onde: Espaço Cultural A Casa (r. Irlandino Sandoval, 425, Jardins, tel. 814-9711)
Quanto: R$ 10 e R$ 20 (com CD)

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