São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
Texto Anterior | Índice

Como ficaram os casos que abalaram o país

Orçamento
Como foi - Envolveu governadores, ministros, senadores, deputados, empreiteiras e José Carlos de Oliveira, ex-diretor do Departamento de Orçamento da União. Entre os principais acusados estavam os deputados João Alves (BA) e Ricardo Fiuza (PE)
Ano - 1993
Prejuízo - US$ 30 milhões
Desfecho - Alguns deputados foram cassados, mas outros foram absolvidos por colegas da CPI da Câmara. Entre os cassados estava o ex-presidente da Câmara Ibsen Pinheiro (PMDB-RS).

Capemi
Como foi - Especializada em pecúlios e aposentadorias de militares, a empresa ganhou concorrência suspeita para construir a represa de Tucuruí. Mais tarde, subcontratou empreiteiras para fazerem a obra, pagando por serviços inexistentes.
Ano - 1980-83
Prejuízo - US$ 80 milhões
Desfecho - Generais e ministros dos governos militares foram acusados pelas irregularidades. O jornalista Alexandre vom Baugarten, um dos responsáveis pela revelação do caso, foi morto.

Cabo Frio
Como foi - Conexão montada dentro da Fundação cabo Frio, do Ministério das Relações Exteriores, mandava dólares irregularmente para fora do país. O dinheiro saía do Brasil sob o pretexto de pagar salários e um plano de seguro de funcionários da fundação no exterior.
Ano - 1982-89
Prejuízo - US$ 6,47 milhões
Desfecho - Em depoimento na 10ª Vara da Justiça Federal, Paulo Mafra, coordenador da fundação, acusou o embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima de ser um dos responsáveis pelo esquema.

Collorgate
Como foi - O ex-presidente Fernando Collor e seu tesoureiro de campanha eleitoral, PC Farias, montaram esquema para se beneficiar de transferência de recursos de obras públicas. O caso também envolveu esquema de arrecadação de dinheiro de empresários para a campanha de Collor.
Ano - 1980-92
Prejuízo - Entre US$ 260 milhões e US$ 1 bilhão.
Desfecho - Collor sofreu impeachment em 92. O STF absolveu o ex-presidente de crimes de corrupção. Condenado, PC fugiu do país, mas depois foi preso. Morreu em 96 em circusntâncias ainda não esclarecidas.

Coroa-Brastel
Como foi - O grupo Coroa-Brastel colocou no mercado mais de US$ 500 milhões em letas de câmbio consideradas "frias". A operação lesou 35 mil pessoas. O caso envolveu o deputado Delfim Netto e Ernane Galvêas, que na época do escândalo eram ministros do governo João Figueiredo.
Ano - 1981-83
Prejuízo - US$ 500 milhões
Desfecho - Assis Paim Cunha, dono do grupo financeiro, foi condenado a dois anos de prisão em primeira isntância, mas foi absolvido pelo STF. A Câmara dos Deputados negou pedido do Ministério Público para processar Delfim.

Inamps
Como foi - Fraudes montadas por médicos e hospitais conveniados pelo governo com o antigo Inamps. Algumas dessas fraudes incluíam cesarianas e cirurgia de ovário em homens, operações de fimose em mulheres e cirurgias cardíacas em mortos.
Ano - 1983
Prejuízo - US$ 1,3 bilhão
Desfecho - Auditoria do Inamps constatou que as fraudes chegaram a desviar 30% dos recursos de saúde destinados pelo governo federal para Estados e municípios. O caso parou na Justiça.

Importações de Israel
Como foi - No governo de Orestes Quércia em São Paulo, protocolo assinado com Israel levou à assinatura de contratos, sem concorrência pública, para a compra de equipamentos para universidades paulistas. Os preços estavam superfaturados.
Ano - 1989
Prejuízo - US$ 310 milhões
Desfecho - O Ministério Público Federal apresentou denúncia pro estelionato contra Quércia e auxiliares do ex-governador. Mas Quércia foi absolvido pelo Superior Tribunal de Justiça.

Paubrasil
Como foi - Esquema ilegal de arrecadação de dinheiro de empresários para campanhas eleitorais de Paulo Maluf. O esquema utilizava notas "frias" para justificar as doações. Muitas das empreiteiras que fizeram doações foram contratadas mais tarde para obras da administração de Maluf na Prefeitura de São Paulo (1993-96).
Ano - 1990-92
Prejuízo - US$ 19 milhões
Desfecho - Empresas que fizeram doações foram multadas pela Receita Federal. A Justiça Federal transferiru o caso para a Justiça Eleitoral. Mais recentemente, a Justiça Eleitoral devolveu o processo para a Justiça Federal.

Precatórios
Caso - Governadores e prefeitos emitiram títulos públicos com o pretexto de pagar precatórios, espécies de indenizações. Parte do dinheiro foi desviada irregularmente para outros atividades. Foram acusados os governadores Miguel Arraes (PE), Paulo Afonso (SC), Divaldo Suruagy (AL), que reunciou ao mandato, além do ex-prefeito Paulo Maluf.
Ano - 1996-97
Prejuízo - R$ 1,4 bilhão
Desfecho - CPI da Câmara confirmou as irregularidades, que agora passam por auditoria da Receita Federal

Texto Anterior: Para advogado, governo é maior culpado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.