São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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O GAROTO DA HORA

Ginecologista com formação em psicologia, Malcolm Montgomery, 46, marido da atriz Mylla Christie, 26, atual capa da "Playboy", diz que não tem problemas com a fantasia que o leitor da revista venha a ter com sua mulher. Autor de "Mulher, o Negro do Mundo", livro sobre sexualidade feminina, Montgomery diz que opinou na escolha das fotos, mas que não acompanhou às sessões.

Você, que sempre examinou a mulher dos outros em seu consultório, como se sente agora, com os outros examinando sua mulher na revista?
Encaro essas fotos como um trabalho dela. Eu mesmo sugeri que colocassem pouco texto, porque acho que, quanto menos texto, maior é a fantasia do leitor com as fotos.

Ou seja, você quer mais é que o leitor viaje nas fotos de sua mulher.
A finalidade do trabalho é ser erótico. Eu até brinquei com a Mylla, dizendo que ela estava dando uma grande contribuição para o sexo seguro.

Como psicólogo, o que você acha que leva uma mulher a posar nua?
No caso da Mylla, que está bem financeiramente, ela quis colocar o peito para fora -encarar as coisas com mais coragem. Na verdade, esse é o quinto convite que ela recebe para posar nua. Antes, ela tinha inseguranças com relação ao próprio corpo.

Ser marido de uma atriz que posa nua aumenta o seu cartaz com outras mulheres?
Claro que aumenta. Se você está com uma mulher considerada cobiçada, deve saber das coisas.

Você acompanhou o processo da Mylla com a "Playboy"?
Sempre estive por perto, menos na hora das fotos. Não tinha cabimento, imagina, o maridão ali, de braços cruzados, assistindo. Seria a mesma coisa que permitir que a Mylla ficasse dentro do consultório assistindo ao exame de uma cliente. Eu ia inibir o clima entre o fotógrafo e a fotografada, que deve ser até de sensualidade, para render bem.

Sensualidade?
É. O fotógrafo tem que olhar para ela como homem, com o cérebro primitivo dele. É o animalzão com tesão: ele tem de sentir, para poder passar erotismo para o público da revista.

Você ajudou também a escolher as fotos?
Na da capa, usei um argumento etnológico. Disse para a equipe que, quando o animal-homem passou de quadrúpede a bípede, os sinais sexuais foram todos para a frente. E as sinalizações mais fortes da mulher ficaram sendo os olhos, os seios e a boca. Exatamente os que estão na capa.

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