São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Imóvel pode substituir ações na Bolsa

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A turbulência no mercado imobiliário causada pela alta nos juros não provocou apenas pessimismo e previsões de queda de até 20% nas vendas. Há quem aposte em um novo fôlego assim que os compradores se recobrarem do susto.
Para Roberto Capuano, presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci), a desconfiança em relação ao mercado financeiro fará com que os investimentos sejam transferidos para os imóveis. "É um patrimônio que oferece poucos riscos."
Essa também é a opinião de Álvaro Coelho da Fonseca, diretor-presidente da Coelho da Fonseca. Ele estima que o mercado deverá registrar queda de 20% nas vendas nestes dois primeiros meses após a alta dos juros.
A médio prazo, no entanto, ele prevê que os investidores voltem a olhar para o mercado imobiliário porque é um investimento seguro.
Trégua
Como o tempo de duração da alta de juros não foi determinado, a previsão é de que nos próximos meses o mercado passe por um período de trégua.
Segundo Eduardo Zaidan, vice-presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria e Comércio da Construção Civil no Estado de São Paulo), adiar lançamentos seria a medida mais sensata para proteger construtoras e compradores.
Walter Lafemina, presidente da Company Tecnologia de Construções, compartilha a opinião. "Não há por que se precipitar em uma fase tão insegura."
Wellington Barreto, 49, vendedor, é um exemplo da cautela adotada pelos candidatos a compras. Ele decidiu suspender por algum tempo a procura por um apartamento para comprar. Há quatro meses ele dedica os finais de semana para visitar estandes de vendas.
Agora, ele resolveu adiar por alguns meses a decisão de compra, até que tudo se estabilize. "Ainda bem que não fechei nenhum contrato."
Bancos
Entre os bancos que operam com crédito imobiliário, as posições se dividiram. O Unibanco e a CEF (Caixa Econômica Federal) suspenderam temporariamente as operações, enquanto o Bradesco e o BankBoston informaram que as atividades estão normais.
João Sortino, 55, diretor da Área de Negócios Imobiliários do Unibanco, disse que para se ajustar à nova realidade o banco teria de passar a operar com taxas de juros de 20% a 25% mais TR, contra os 12% a 13% mais TR praticados antes da mudança. "É uma taxa muito elevada."

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