São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Bairrismo motiva crescimento

DA REPORTAGEM LOCAL

O apego ao bairro, que predomina entre os moradores, é a principal explicação apontada para o crescimento da região leste de São Paulo.
Para José Roberto Dalcon, 37, superintendente da Fernandez Mera, o comportamento da zona leste é muito tradicional, e as pessoas optam por morar no Tatuapé em vez de buscar um bairro nobre em outra região da cidade.
Segundo Dalcon, um morador da Vila Matilde muda para o Tatuapé, mas não vai para os Jardins. "Da mesma forma, um morador dos Jardins não tem interesse na zona leste", afirma.
Segundo a decoradora Vera Helena Rodrigues Caffettani, 43, que atua na região, seus clientes são em geral pessoas de classe média alta em ascensão, entre 40 e 60 anos. "Eles batalharam para ter o que têm e por isso vão morar em bairros nobres", afirma.
O atacante do Corinthians Osmar Donizete Cândido, 29, afirma que ao sair do Rio para jogar em São Paulo começou a procurar um imóvel em várias regiões da cidade. "Falavam muito do Morumbi (zona sudoeste), mas eu escolhi morar no Tatuapé porque aqui as pessoas são ricas, sim, mas são humildes", afirma.
O consultor imobiliário Lincoln Jorge Marques também concorda que foram os próprios moradores da região, ao aumentarem seu poder aquisitivo, que alavancaram o mercado de alto padrão do Tatuapé e deram origem a esses núcleos residenciais nobres.
Os grandes empreendimentos, diz Dalcon, surgiram na zona leste por meio de incorporadores locais que, em busca de melhores opções de moradia, se associaram com empresários e comerciantes de maior poder aquisitivo e lançaram os condomínios.
"A partir daí as grandes construtoras passaram a investir nos edifícios de alto padrão."
Além do Tatuapé, Marques aponta o Jardim Avelino, a Vila Matilde, a Vila Carrão e a Penha como regiões prósperas.
João Rodrigues Assis, 38, gerente da imobiliária Predial Molise, que atua na zona leste, diz que o segmento de alto padrão é muito restrito e exige uma venda dirigida. "Normalmente, direcionamos as vendas aos empresários locais."
As casas, segundo Assis, permitem uma visão melhor desse mercado. "Ninguém constrói casas de alto padrão aqui como investimento, mas como moradia, porque é um mercado fechado."

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