| São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997 |
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Mamãe sabe tudo?
LAVÍNIA FÁVERO Às vezes, os papéis se invertem e são as filhas que dão conselhosParticiparam deste debate a jornalista Marília Assef, 45, e sua filha Juliana, 17; a professora Maria Eulina Reis Hilsenbeck, 45, e sua filha Barbara, 20; a dona-de-casa Dorothy Aguiar de Souza Andrade, 42, e sua filha Daniele, 13; e as cantoras Gigi Trujilo, 35, e sua filha Júlia, 13; e Márcia Salomon, 36, e sua filha Camila, 13. * Revista - Quem cuida de quem? Juliana - Minha mãe se ocupa muito com o trabalho e de vez em quando tenho de dizer para ela dar uma parada, mandá-la dormir! Marília - Eu até acho que a Juju já foi minha mãe em alguma vida passada. Ela mudou minha vida radicalmente. Márcia - A Camila desde pequenininha cuidou de mim. Como sempre trabalhei à noite, tinha dificuldade em acordar. Era a Camila quem me tirava da cama, levando café! Dorothy - Ontem mesmo a Dani me deu uns conselhos. Daniele - Ela queria falar umas coisas para o meu pai que não devia... Revista - Vocês contaram para a mãe de vocês quando vocês deram o primeiro beijo, por exemplo? Camila - Eu contei. Ela reagiu normalmente. Perguntou se eu gostava dele, essas coisas... Júlia - A minha mãe sabia antes mesmo de eu ficar. E ela também disse a mesma coisa: "Júlia, você está mesmo a fim dele?". Revista - E vocês pretendem contar quando perderem a virgindade também? Júlia - Acho que sim. A gente conversa muito, eu a minha mãe. Se bem que a gente já falou várias vezes sobre transa, mas nunca sobre a minha transa especificamente. Camila - Eu tenho liberdade para conversar com a minha mãe sobre tudo, inclusive sexo e drogas. Revista - E como é para as mães discutir esses assuntos com as filhas? Dorothy - Com os filhos dos outros, a gente se sente muito mais à vontade. Gigi - E também eu me sinto às vezes tão despreparada para passar valores para a Júlia... Mas tenho certeza que ela vai me contar quando perder a virgindade, por exemplo. Talvez isso seja coisa de mãe, de achar que sabe tudo da vida dos filhos. Eu sei que as coisas não são assim. Eu sou muito amiga da minha mãe e nem por isso conto tudo para ela. Maria Eulina - Minha filha me contou quando perdeu a virgindade. É claro que foi um choque, ver que ela tinha se tornado mulher. Revista - E o que vocês acham da geração das filhas de vocês? Maria Eulina - Eu dou nota dez. Admiro esses que não se importam com que os pais vão pensar. Na minha época, isso não acontecia. Gigi - Uma coisa que eu noto é uma preocupação muito maior com o sexo e o corpo. A primeira vez que a Júlia beijou um menino eu vi que era muito mais pelo beijo que pelo menino. E ela comenta com as amigas "Nossa, aquele cara tem músculos na barriga". Eu não reparava nisso quando tinha a idade dela! Revista - E vocês não se incomodam que suas filhas estão, de certa forma, se separando de vocês para seguirem suas vidas? Maria Eulina - Eu morro de ciúme quando alguém paparica a Barbara. Digo "Essa é minha filha, cuide da sua"! Mas mãe cria os filhos para o mundo e tem de se conformar! Gigi - Eu sinto que a Júlia um dia vai morar fora do país e, só de pensar nisso, me dá uma dor horrível! Marília - A Juju, que está para prestar vestibular, veio me perguntar o que eu achava de ela ser nutricionista. Eu respondi: "Quem tem de saber é você". Revista - No final das contas, mãe é sempre mãe? Dorothy - É, apesar de ser muito mais fácil tratar dos filhos dos outros. Eu às vezes acho que deveríamos criar os filhos dos vizinhos e deixálos criar os nossos. Gigi - Um rodízio de filhos até que não seria má idéia! Maria Eulina - Eu já fugi de casa e hoje digo uma coisa: se eu pudesse, nasceria filha da minha mãe de novo! Se você quiser participar desta seção, mande seu nome, telefone e profissão pelo fax (011) 224-4261, por e-mail: revista@uol.com.br ou por carta para: al. Barão de Limeira, 425, 8o andar, CEP 01290-900 Texto Anterior: Leves e transparentes Próximo Texto: ÚTEIS E FÚTEIS Índice |
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