São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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Dickinson tem surpresas para o Brasil

IVAN MIZIARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Paul Di'anno pode ter sido a primeira voz do Iron Maiden, mas aquele timbre vocal inconfundível, com agudos de extensão imensa, que se tornaram marca registrada da banda, pertencem a Bruce Dickinson.
Depois de ter deixado a "donzela" e seguido em bem-sucedida carreira solo, o velho Bruce retorna ao Brasil para o Skol Rock, para lançar o álbum "Accident of Birth" e até tem encontro marcado com os leitores do Folhateen (leia texto abaixo e na pág. 6-6).
O álbum marca seu reencontro com os velhos chapas dos tempos de Iron: o guitarrista Adrian Smith e o ilustrador Derek Riggs (criador do mascote Eddie), que desenhou a capa. Além disso, Bruce trouxe de volta os músicos do Tribe of Gypsies, grupo que o acompanhou em "Balls to Picasso". Não é à toa que a maioria das canções significa, como ele mesmo faz questão de afirmar, "um regresso às fórmulas do heavy metal clássico".
Falando à Folha de Londres, por telefone, o vocalista comentou a mudança de tendência e garantiu que "definitivamente" não pretende voltar ao Iron Maiden.
"Eu, Adrian e Riggs nos tornamos uma espécie de renegados depois que saímos do Maiden", disse. E, apesar de afirmar que tem boas relações com Steve Harris (baixista e líder do Iron), deixou escapar que não cantará músicas de autoria do baixista.
Veja a seguir os principais trechos da entrevista.
*
Folha - Qual a principal diferença entre o novo álbum e o anterior, "Skunkworks"?
Bruce Dickinson - A diferença é que voltei às minhas raízes. O outro era um disco "alternativo". Esse é heavy metal tradicional.
Folha - Que idéia está por trás de "Accident of Birth"?
Bruce - A idéia simples de sempre: muita fantasia nas letras e um bom heavy rock.
Folha - Por que você voltou a tocar com a Tribe of Gypsies?
Bruce - Porque eles são músicos fantásticos e fazem rock de primeira. E também porque eu gosto de trabalhar com Roy Z (guitarrista), que produziu o disco.
Folha - Adrian Smith na guitarra, capa desenhada por Derek Riggs, você tem saudades do Maiden?
Bruce - Não. Tenho boas recordações daquele tempo. Mas hoje eu, Adrian e Derek somos uma espécie de renegados da banda.
Folha - Há possibilidade de voltar ao Iron?
Bruce - Definitivamente, não.
Folha - Você e Steve Harris ainda são amigos?
Bruce - Não nos vemos há um ano e meio. Eu diria que mantemos uma relação amistosa.
Folha - Nos shows daqui você vai tocar canções dos tempos de Iron?
Bruce - Vou.
Folha - Quais?
Bruce - Isso é surpresa. Só posso dizer que são quatro ou cinco canções que eu e Adrian compusemos juntos.
Folha - "The Number of The Beast"?
Bruce - Não. Essa é do Steve Harris.
Folha - Qual sua opinião a respeito de Blaze Bayley (vocalista que o substituiu no Iron)?
Bruce - Não comento. Mas ele é um cara legal e muito corajoso.
Folha - O heavy metal morreu?
Bruce - Segundo a imprensa britânica, sim. Eles vivem tentando matar o som pesado. Mas esses caras só têm olhos para a Inglaterra. Eles se esquecem de que o heavy metal está bem vivo nos Estados Unidos, na América do Sul e até no Japão. A cada tentativa de assassinato, ele volta mais forte.
Folha - Quem é o melhor vocalista de heavy rock, na sua opinião?
Bruce - Ian Gillan (do Deep Purple), sem dúvida.
Folha - Musicalmente, quais as suas principais influências?
Bruce - Black Sabbath e Deep Purple.
Folha - O que você está ouvindo?
Bruce - Eu ouço de tudo. Smashing Pumpkins, K.D. Lang, Sepultura. Pena que eles se separaram.
Folha - Você já esteve aqui antes. O que está esperando dos shows?
Bruce - Gostaria de voltar todo ano. Adoro o país. Quero fazer um show legal e que a galera esteja animada como sempre.

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