São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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Urologista alerta para os cuidados necessários

DA REPORTAGEM LOCAL

São cada vez mais raros entre os meninos de classe média, segundo o urologista Ricardo de la Rocca, os casos de doenças venéreas adquiridas em relações com garotas de programa em São Paulo.
Ele atribui a boa notícia à conscientização dos adolescentes, que cada vez mais aderem ao uso do preservativo, motivados tanto pelo pânico da Aids como pelo medo de gravidez das suas namoradas.
O urologista alerta, no entanto, para o perigo da chamada "crista de galo", espécie de verruga no pênis causada pelo vírus HPV, um dos maiores causadores de doenças sexualmente transmissíveis.
Segundo de la Rocca, para contrair a doença o menino não precisa sequer chegar à penetração. Basta um contato, como as carícias preliminares, com alguém infectado, seja uma garota de programa ou a própria namorada.
O urologista chama a atenção também para o perigo do sexo oral, recomendando que os jovens evitem essa prática caso se relacionem com garotas de programa.
A advertência vale nos dois sentidos: fazer ou receber."Basta um sangramento mínimo para contrair uma bactéria", diz ele.
Prostitutas ouvidas pela Folha disseram que só fazem sexo oral caso o homem, seja jovem ou não, use camisinha.
Segundo o urologista, a maior incidência de doenças venéreas, por conta de relações com prostitutas, ocorre entre os jovens mais pobres, que não têm acesso a informação sobre os perigos.
Mercadoria
Para a sexóloga Rosely Sayão, não se pode avaliar, até por ser uma novidade esse comportamento, as consequências futuras do relacionamento de jovens hoje com prostitutas.
Mesmo assim, ela relaciona aspectos negativos dessa mania, como a visão das mulheres como produtos: "Algo mais na prateleira para se comprar".
Para a sexóloga, em grupos de estudantes, ficar com uma garota de programa funciona como uma espécie de troféu exibido para os colegas. É uma forma de mostrar poder. Por esse motivo, muitos propagam até que fizeram programas "de graça".
A sexóloga conta que, como observadora, fica impressionada com as negociações feitas entre garotas e "clientes" na proximidades da rua Augusta.

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