São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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'Um Tiro' exibe loucura de feminista

MARIANE MORISAWA
DA REDAÇÃO

"Um Tiro para Andy Warhol" ("I Shot Andy Warhol, EUA, 1996), longa de estréia de Mary Harron, conta a trajetória de Valerie Solanas, de criança que sofreu abusos a mulher que atirou no artista plástico pop.
Solanas (Lili Taylor) teve uma infância difícil e sofreu abusos sexuais praticados por seu pai. Aos 13, já tinha tido várias experiências com homens. Aos 14, internada em um colégio, viveu suas primeiras relações homossexuais.
Boa aluna, foi admitida na Universidade de Maryland, onde se formou em psicologia. Já nessa época, começou sua militância feminista, que culminou com a fundação da SCUM -em português, algo como Sociedade para Castração dos Homens.
Ela passou a defender teses como: "O macho é um acidente biológico. O gene Y (masculino) é um gene X (feminino) incompleto, ou seja, possui um conjunto incompleto de cromossomos. Em outras palavras, o homem é uma mulher incompleta, um aborto ambulante". Ou ainda, "o homem é um vibrador ambulante".
Vivendo em telhados de edifícios de Nova York, Solanas conseguia dinheiro esmolando ou se prostituindo. Enquanto isso, ia tentando divulgar o manifesto contendo suas idéias de eliminação do homem e escrevendo peças.
Foi então que, influenciada pela propaganda do amigo Jimmy -agora a drag queen Candy (o candidato a galã Stephen Dorff)- sobre Warhol, resolve pedir que o artista financie a montagem de uma de suas peças.
Como ele não se interessa, ela passa a buscar, de muitas maneiras, a atenção de Warhol. Vira até, de certa forma, amiga do artista.
Enganada por um editor de livros, desprezada por Warhol -apresentado no filme como um "semidébil mental" fútil-, Solanas passa a cada vez mais apresentar sinais de descontrole.
Dá escândalos, faz ameaças a Warhol e ao editor. Rouba de um militante de outro movimento uma arma Baretta calibre 32.
É com ela que, em 3 de junho de 1968, Valerie vai atirar três vezes no artista plástico Andy Warhol, entregando-se à polícia logo depois. Justificou o ato dizendo: "Ele tinha muito controle sobre minha vida". Dessa forma, a feminista conseguiu mais do que os 15 minutos de fama que Warhol pregava serem consequência à superexposição aos meios de comunicação.

Filme: Um Tiro para Andy Warhol
Produção: EUA, 1996, 106 min
Direção: Mary Harron
Com: Lili Taylor, Jared Harris, Stephen Dorff, Martha Plimpton, Danny Morgenstern
Lançamento: Cannes (011/7295-7020)

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