São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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Lenine faz ponte balançar em Recife

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

O cantor e compositor pernambucano Lenine, 37, escolheu a terra natal -Recife- para dar partida à turnê de lançamento de seu novo álbum, "O Dia em Que Faremos Contato", no mercado há dois meses.
Foi além na originalidade: graças a Lenine, Recife teve a oportunidade ímpar de assistir a um show -que aconteceu na sexta-feira à noite, ao ar livre e de graça- cravado no meio da ponte Maurício de Nassau, no bairro do Recife.
Lenine deu duplo sentido à escolha: plantou-se em marco simbólico da cidade dos rios, pontes e viadutos e, da plataforma na Maurício de Nassau para -segundo o conceito de seu CD- o universo, lançou os primeiros acordes da primeira música do álbum, "A Ponte".
"A ponte não é para ir nem pra voltar/ A ponte é somente atravessar/ Caminhar sobre as águas desse momento", cantou, para um público que as estimativas faziam oscilar entre 7.000 e 15 mil pessoas.
Em ao menos um momento, a ponte, abarrotada de gente na metade que ficava diante do palco, vibrou ante os pulos estimulados pelo sucesso "Leão do Norte" (gravado por Lenine com Marcos Suzano em 94 e, depois, tornado conhecido nacionalmente na voz de Elba Ramalho).
"Não houve perigo nenhum, tudo foi muito estudado pela Prefeitura de Recife e pelo Estado", disse Lenine em entrevista à Folha. "Há muitos anos, um japonês veio a Recife implodir a ponte da Torre. Tentou duas vezes, aquela fumaceira, e a ponte não caiu. Está lá até hoje", lembra, para ilustrar a solidez das pontes recifenses.
O trânsito na ponte foi interrompido desde a manhã de sexta, e 11 linhas de ônibus foram desviadas para permitir o trânsito de pensamento que Lenine propunha.
Turnê
Depois de Recife, o artista entra afinal nos eixos do grande circuito do showbiz Rio-SP.
Toca amanhã no Rio, no Canecão, e, na terça-feira da próxima semana, chega a São Paulo, no Palace.
O desejo de Lenine é que a turnê acabe, como começou, numa ponte -dessa vez em Amsterdã, na Holanda-, exatamente aquela que inspirou o colonizador holandês Maurício de Nassau a construir a de Recife, que leva seu nome.
O giro intercontinental faz confirmar a vocação universalista do álbum "O Dia em Que Faremos Contato".
Segundo sua gravadora, das 11.500 cópias vendidas em três meses, 3.000 foram para o Japão.
Antes, à época de "Olho de Peixe", Lenine já havia tocado em países como Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Japão, Venezuela e Estados Unidos (no Central Park, em Nova York). Só falta Saturno.

O jornalista Pedro Alexandre Sanches viajou a convite da gravadora BMG.

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