São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Imposto de Renda de empresas também vai mudar, afirma FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou ontem que ainda haverá mudanças no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. "Vamos mudar", disse FHC, sem detalhar quando nem como.
Ele apenas afirmou que essa mudança havia sido anunciada antes, embora não constasse do anúncio feito pela equipe econômica ontem pela manhã.
O pronunciamento de FHC à nação, com o anúncio de mudanças no IR das empresas, às 18h de ontem, soou como resposta às primeiras reações negativas do Congresso às medidas anunciadas pela manhã, que não contemplaram esse ponto.
O presidente falou durante dez minutos, em cadeia facultativa de rádio e TV, após o encerramento dos pregões das Bolsas. FHC enfatizou que autorizou as medidas por considerá-las fundamentais para evitar o retorno da inflação.
"O povo é o primeiro a saber que a inflação é o pior dos impostos. Essas medidas visam impedir a volta da inflação, visam impedir a perda da confiança dos mercados no real", afirmou.
FHC disse que tem disposição para "enfrentar as adversidades, com competência, com coragem e também com tranquilidade", pois diz saber que o importante é que a população saiba o que ocorreria se as medidas não fossem tomadas.
"(Ocorreriam as crises) que trazem a inflação de volta, que tiram o salário do bolso do trabalhador, do bolso daquele que está nos bancos, dos funcionários públicos, da classe média".
Segundo FHC, "não é preciso temer qualquer abalo na cesta básica, aquilo que conta para o povo, que é a comida, que é o valor do seu trabalho".
FHC admitiu que as medidas favorecem os exportadores, que a classe média pagará um certo preço e que elas podem "acarretar impopularidade". "Mas o presidente não está preocupado, neste momento, senão com o Brasil e o povo do Brasil", afirmou.
"Alguns setores da população pagarão um certo preço. Mas apenas 8% da população brasileira paga Imposto de Renda. Ainda assim, há um cuidado com esses 8%, pois a classe média já tem sofrido muito, e nós não podemos deixar de prestar atenção às agruras da classe média", disse FHC.
Em seguida, o presidente disse que "nenhuma medida visa recair sobre um setor em especial". Para FHC, elas buscam "evitar que setores que mais necessitam não sejam atendidos".
Ele citou como exemplos a saúde, educação, assistência social e reforma agrária.
Relacionou ainda, como exemplo, o impacto do aumento no preço dos combustíveis na taxa de inflação. FHC afirmou que o reajuste no preço da gasolina representará um impacto de "praticamente nada" -segundo o presidente, a incidência será de 0,21% na inflação, de acordo com cálculos da Fipe.
FHC disse que as medidas tomadas ontem seriam adotadas em um prazo mais longo, mas o modo como "mudou a atmosfera no mundo em função da crise asiática" levou o governo "a fazer mais depressa".
O presidente disse que as taxas de juros serão mantidas em alta até que se ganhe novamente a confiança no país e cobrou de novo apoio e agilidade do Congresso para as reformas constitucionais.

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