São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Pacote é recebido moderação nas Bolsas

LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Recessão é melhor que um ataque especulativo, mas ainda assim é recessão." A frase, dita por um analista do mercado financeiro, é provavelmente a que melhor define a reação dos investidores ao pacote fiscal de ontem.
O otimismo moderado de bancos e corretoras leva em conta principalmente o fato de as medidas anunciadas terem três problemas de origem: são medidas que vão levar algum tempo para surtir efeito, ainda é difícil saber se todas terão o impacto anunciado pelo governo e, finalmente, são medidas recessivas que certamente vão reduzir os lucros das empresas.
O resultado foi que a Bolsa de São Paulo, depois de subir quase 5% após o anúncio das medidas, em seguida perdeu o ímpeto para fechar com alta de 1,96%. Mais relevante até que o índice de variação no dia é o volume negociado, que foi muito baixo -apenas R$ 544,5 milhões, contra uma média diária na casa de R$ 1 bilhão.
O baixo volume de negócios, no entanto, teve a ver não apenas com a falta de clareza sobre o resultado final do pacote, mas também com o fato de muito investidores estrangeiros terem ficado de fora por conta do feriado de hoje nos EUA.
Alguns operadores destacavam ainda o fato de o governo ter cortado R$ 800 milhões dos investimentos previstos para a Telebrás no ano que vem, o que pode afetar o preço de venda da estatal na privatização.
Mas de modo geral o dia foi de alta para as estatais que serão transferidas para a iniciativa privada. Telebrás PN, por exemplo, fechou com alta de 2,79%, enquanto Eletrobrás PNB teve valorização de 4,12%.
Dólar
O mercado de câmbio operou com um pouco mais de tranquilidade ontem, com as cotações recuando tanto nos mercados à vista como nos futuros. Mesmo com o recuo, no entanto, as cotações continuam pressionadas pelo fluxo negativo de moeda estrangeira, ou seja, continua saindo mais dólar do que está entrando.
O dólar comercial recuou 0,2%, fechando a R$ 1,1050, enquanto o flutuante terminou o dia sendo negociado a R$ 1,1070.
Na sexta, houve nova rodada de saída de dólares, no resultado consolidado dos segmentos comercial (exportações, importações, Investimentos em Bolsas etc.) e flutuante (operações de renda fixa, entre outras): as saídas superaram as entradas em US$ 450 milhões.
Ontem, segundo estimativa de bancos e corretoras, o resultado foi uma saída líquida (já descontadas as entradas) de US$ 69 milhões, apenas no comercial. No segmento flutuante, a estimativa também era de saída de moeda norte-americana.

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