São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997![]() |
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Governo culpa exclusivamente crash global pela crise interna
CLÓVIS ROSSI
"Não está na nossa capacidade de avaliação saber quanto tempo dura a crise externa", diz Pedro Parente, secretário-executivo do Ministério da Fazenda. O que significa dizer que o governo não pode saber tampouco quanto tempo terá que manter os juros elevados, que ameaçam jogar a economia na recessão. O secretário-executivo da Fazenda admite que a conjuntura internacional passou a apresentar "dificuldades maiores do que qualquer um poderia imaginar", com os consequentes reflexos internos. Em todo o caso, o segundo homem na hierarquia do Ministério da Fazenda acha que o ajuste fiscal contido no pacote anunciado segunda-feira pelo governo é "extremamente poderoso para dar condições de aguentar uma situação internacional de consideráveis proporções, seja quanto à intensidade ou quanto à duração". Traduzindo: a equipe econômica acredita que o pacote de anteontem (mais a alta dos juros na semana anterior) será suficiente para permitir que o país atravesse a crise mesmo que ela dure um certo tempo ou se alastre para países mais importantes na economia global, como, por exemplo, a Coréia. Pacote sem igual "Nenhum país fez um conjunto de medidas como o Brasil", acredita o secretário-executivo da Fazenda. Parente calcula em 2,25% a 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto, medida da riqueza de um país), o tamanho do pacote fiscal anunciado na segunda-feira. Basta? Parente torce para que baste, mas, como acredita que a crise internacional é que determina o ritmo da crise brasileira, não se anima a responder a essa pergunta com toda a convicção. Parente não acha que a equipe econômica tenha errado ao apostar em uma política que cria forte dependência de capitais externos, para financiar o déficit na poupança interna. Adivinho Alega que a política foi desenhada em um momento de "liquidez internacional bastante ampla" e que "ninguém é adivinho" para antecipar que essa situação mudaria tão subitamente como ocorreu a partir da crise asiática. "Não fora a mudança externa, estaríamos em condições de continuar tranquilamente com a nossa política", conclui Pedro Parente. Agora, admite que o conjunto alta de juros mais pacote fiscal deixa "um gosto ruim na boca", mas acha que é "absolutamente necessário" para enfrentar as novas condições internacionais. (CR) Texto Anterior: Coréia tem avaliação de crédito rebaixada Próximo Texto: Europa quer antecipar área de livre comércio com o Mercosul Índice |
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