São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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'Anastasia' conta sumiço de princesa

MARIANE COMPARATO
DE PARIS

Estréia no Brasil dia 25 de dezembro "Anastasia", o mais novo desenho animado da produtora Twentieth Century Fox.
O enredo parte de uma história verídica: o sumiço da princesa Anastasia, filha do último czar da Rússia, Nikolai 2º, em 1918, durante a Revolução Russa.
Para aproveitar a comemoração dos 80 anos da revolução provocada pelos bolcheviques, o filme só será lançado na Rússia em 1998.
A história começa num baile no palácio real em São Petersburgo, em que se festeja os 300 anos da família Romanov no poder. Enquanto isso, Rasputin, conselheiro banido, volta para se vingar e provoca uma revolução.
A família morre, menos a avó Marie e Anastasia, que conseguem fugir. Mas a multidão nas ruas impede Anastasia de subir no trem que vai para Paris. A menina cai, bate a cabeça e perde a memória.
Dez anos depois, uma garota chamada Anya sai do orfanato em que vive desde os oito anos de idade para procurar sua família, da qual não se lembra. Tudo o que tem é um colar em que está gravado "juntos em Paris".
Anastasia é uma mistura de Julia Roberts com a aparência de Audrey Hepburn, segundo os próprios desenhistas: "Anya se parece fisicamente com uma princesa, mas tem um jeito de se portar mais comum, pois ela não se lembra que pertence a uma família real", diz o desenhista Len Simon.
Rasputin é assustador e cômico ao mesmo tempo. Ele parece um boneco de montar e desmontar: a mão se separa do corpo e aparecem pinos de encaixe. Não faltam animais, sucesso garantido com as crianças: um morcego albino é cúmplice de Rasputin e um cachorrinho acompanha Anya.
Em algumas cenas, desenhos tri e bidimensionais foram misturados, o que dá um efeito ao mesmo tempo real e ficcionista.
A Fox, que já tem 12 projetos na agenda, está se lançando de vez no desenho animado para concorrer com a Disney. O longa-metragem levou três anos para ser concluído, mas não desanima os produtores.
"Queremos fazer projetos bem diferentes uns dos outros. 'Anastasia' é um musical, mas a nossa próxima empreitada será uma ficção científica no espaço", disse o presidente da Fox, Bill Mechanic, em entrevista à Folha.
A Fox chamou os produtores Gary Goldman e Don Bluth, que trabalharam juntos para a Disney no começo dos anos 70 como diretores de animação.
Goldman vê uma diferença entre os filmes da Disney e o da Fox: "Nossos personagens são mais reais, para o público se identificar com eles. Quando começam a cantar, não é a voz de uma Whitney Huston que aparece, e sim a de uma pessoa normal", alfineta.
Bluth conta que gostou da história pelo simples fato de ela tratar de uma família real: "Mas aí começamos a ver elementos com os quais o espectador se identifica, como a busca por uma identidade própria e a procura de um lar", diz.
Histórias de princesa sempre encantaram o mundo, segundo Bluth: "Você aposta quanto que daqui a 20 anos vai haver um desenho sobre a princesa Diana?".
Identidades
A filha de Nikolai 2º, Anastasia, pertencia à família Romanov.
Nikolai 2º abdicou em março de 1917, rendendo-se aos revolucionários bolcheviques. Em abril de 1918, o czar, sua mulher e os cinco filhos foram presos e mandados para Ekaterimburg, pequena cidade da Sibéria. Em 17 de julho do mesmo ano, a família real foi assassinada numa brutal carnificina.
Para espanto dos bolcheviques, os filhos do czar sobreviviam a todos os tiros, e acabaram sendo mortos a pancadas. Depois se descobriu que as balas ricocheteavam em espartilhos nos quais quilos de jóias estavam costuradas.
Os corpos foram levados a uma floresta próxima. Depois, soube-se que foram queimados e parcialmente dissolvidos em ácido.
Mas a lenda já estava feita: os russos acreditavam que apenas o czar havia sido executado. Sua mãe, a czarina Marie, que se exilou em Copenhague, na Dinamarca, acreditou até o final de sua vida que a família inteira estava viva.
Inúmeras pessoas afirmaram ser membros da família real. A mais famosa foi uma polonesa chamada Anna Anderson, que dizia ser Anastasia.
Os esqueletos foram encontrados em 1979, mas o mundo só veio a saber dez anos depois, quando a União Soviética estava se dissolvendo. Com testes de DNA, descobriu-se que faltavam dois corpos: o dos filhos Alexis e Anastasia.
Anna, que durante 40 anos se identificou como sendo Anastasia, morreu em 84 e ficou provado que ela não pertencia à família Romanov.
(MC)

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