São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997 |
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Livro expõe obra e poética de Artigas
MARA GAMA
Urbanista e educador, Artigas integrou a "Escola Paulista" de arquitetura e influencia até hoje os profissionais das áreas em que atuou. Seguido, admirado e debatido por suas construções limpas e iluminadas, pela articulação entre a prática e o discurso e por suas opiniões políticas -foi filiado ao Partido Comunista-, o arquiteto pode chegar agora a um círculo maior de conhecedores com a edição do livro "Vilanova Artigas". Segundo exemplar da série "Arquitetos Brasileiros", o livro foi editado pelo Instituto Lina Bo e P. M. Bardi em parceria com a Fundação Vilanova Artigas. Nas mais de 60 construções descritas com textos e fotos se pode ver a coerência interna da obra, toda ela marcada por poucos traços, muita claridade e um cuidado especial na junção dos planos vertical e horizontal, cuidado que Artigas sintetizava na frase: "É preciso fazer cantar o ponto de apoio". O livro traz também uma biografia construída por fragmentos de textos do próprio Artigas, além de croquis e desenhos. Editado pelos arquitetos Marcelo Carvalho Ferraz (coordenação), Álvaro Puntoni, Ciro Pirondi, Giancarlo Latorraca e Rosa Camargo Artigas, "Vilanova Artigas" virou também exposição e ocupa uma sala na 3º Bienal Internacional de Arquitetura. A mostra conta com 60 painéis e maquetes. Além de criar o espaço físico, Artigas participou ativamente da criação do curso de arquitetura da Universidade de São Paulo até ser cassado, em 1964. Levou para as salas e os ateliês suas influências de Frank Lloyd Wright, sua visão social da arquitetura e uma compreensão artística da obra arquitetônica isenta de mistificação. Segundo seu próprio texto, esta compreensão começou no convívio com pintores como Volpi, Rebolo, Bonadei, Clóvis Graciano e sua mulher, Virgínia, grupo que desenhava em curso com modelo vivo na Escola de Belas Artes, entre 1936 e 1937. 1937 foi também o ano em que Artigas se formou arquiteto, pela Escola Politécnica, onde foi aluno de Prestes Maia. Nos anos 40, trabalhou com Oswaldo Bratke, Gregori Warchavchik, e fundou o Instituto dos Arquitetos do Brasil, junto com Rino Levi. É um texto de Lina Bo Bardi, dos anos 50, que define um dos aspectos mais importantes da obra de Artigas: "As casas de Artigas são espaços abrigados contra as intempéries, o vento e a chuva, mas não contra o homem, tornando-se o mais distante possível da casa fortaleza, a casa fechada, a casa com interior e exterior, denúncia de uma época de ódios mortais. A casa de Artigas, que um observador superficial pode definir como absurda, é a mensagem paciente e corajosa de quem vê os primeiros clarões de uma nova época: a época da solidariedade humana". Livro: Vilanova Artigas Coordenação editorial: Marcelo Carvalho Ferraz Quanto: R$ 70 (215 págs.) Onde encontrar: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi (r. Almério de Moura, 200, Morumbi, tel. 011/844-9902) Evento: 3ª Bienal Internacional de Arquitetura Onde: pavilhão da Bienal (portão 3 do parque Ibirapuera, tel. 011/574-5922) Quando: diariamente, das 12h às 22h; até 30 de novembro Quanto: R$ 6 e R$ 3 Texto Anterior: Paralamas fazem melhor que os Titãs Próximo Texto: TRECHOS DO LIVRO Índice |
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