São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997
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Infratores estão em local sem segurança

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 120 menores infratores, que foram transferidos do complexo da Febem da Imigrantes no último dia 6, depois de uma rebelião no local, estão abrigados provisoriamente em uma quadra de esportes do SOS Criança, na região central de São Paulo. O lugar, entretanto, não oferece segurança adequada.
"Reconhecemos que o local não é muito seguro, mas foi o lugar encontrado pela Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) para uma situação de emergência", disse o assistente de direção do SOS Criança, Marco Lucchesi.
Na rebelião, que iniciou no último dia 5 e se estendeu para o dia seguinte, fugiram 470 menores.
Os 120 menores são observados por, no máximo, dez monitores. Os adolescentes ficam sentados em filas durante o dia e à noite dormem em colchões no chão.
Apesar de estar confinados em um lugar sem possibilidade de banho de sol, os adolescentes dizem que permanecer na quadra é melhor do que ficar nas unidades da Imigrantes.
"Aqui é melhor porque não apanhamos dos monitores e não precisamos dividir um colchão com dois ou três menores", disse L.P.L.
Membros da CPI da Assembléia Legislativa que apura fugas da Febem visitaram anteontem a quadra do SOS Criança e ouviram de menores que 11 internos teriam sido mortos durante a rebelião.
A relatora da CPI, deputada Maria Lúcia Prandini, disse que vai solicitar ao Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo um rastreamento dos cadáveres de menores encaminhados aos postos do IML depois do último dia 5.
O comandante interino do CPChoque (Comando de Policiamento de Choque), tenente-coronel Rui Cesar Melo, que chefiou a invasão na Imigrantes, nega as mortes. "Uma prova de que elas não ocorreram é que um dos menores que eles disseram que morreram, conhecido como Testinha, prestou depoimento para nós no dia seguinte da invasão. Além disso, verificamos esta semana que ele está na ala B da Imigrantes."
Melo disse que, depois da rebelião, equipes do Corpo de Bombeiros, do canil da PM e do COE (Comando de Operações Especiais) realizaram uma operação de varredura no local e não encontraram nenhum corpo.

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