São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997
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Falta de verba pára ambulâncias da prefeitura

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais da metade das ambulâncias da Prefeitura de São Paulo que fazem o resgate pré-hospitalar gratuito (pelo telefone 192) está fora de operação.
A frota é antiga, segundo a própria administração municipal, e passa a maior parte do tempo em manutenção nas garagens e oficinas, aguardando a troca de peças.
Por causa da crise financeira da prefeitura, o conserto, que poderia ser feito em alguns dias, está demorando até semanas, em certos casos.
A diretoria do sindicato dos servidores públicos municipais alega que 70 das 85 ambulâncias estão fora de operação nesta semana -cerca de 82% da frota. Já a prefeitura diz que há "apenas" 51 veículos em manutenção -60% da frota (leia texto abaixo).
O atendimento pré-hospitalar com as ambulâncias -que atende cardíacos, idosos, mulheres grávidas e outras emergências médicas gratuitamente- foi criado na gestão Luíza Erundina. O serviço funciona 24 horas por dia.
Cada um dos veículos atende diariamente a uma média de cinco chamados. Os pacientes são removidos para postos de saúde públicos ou privados, dependendo da escolha da pessoa atendida ou de sua família.
"Nos últimos anos o serviço foi sucateado e, hoje, está pior do que nunca", diz o diretor do sindicato dos servidores municipais, Mauro Antônio Gonçalves.
Segundo ele, no bairro do Jaçanã (zona norte da cidade), apenas uma das cinco ambulâncias que atendem na região estava em operação, nos últimos dias.
Na área da Lapa (zona noroeste), a situação é ainda mais crítica. As duas ambulâncias estão em manutenção.
Sem verba
Parte do problema do sucateamento das ambulâncias pode ser explicado pela verba gasta com a operação e manutenção dos veículos. Outra explicação é o deslocamento dos veículos para o PAS (Plano de Atendimento à Saúde), segundo denuncia o sindicato.
Pelo Orçamento municipal de 1997, a prefeitura deveria gastar este ano R$ 1,8 milhão com o serviço. Mas, segundo informações do Serviço de Execução Orçamentária da Câmara Municipal, foram gastos apenas R$ 179.421,00, até o dia 12 de novembro.
"A maior parte da verba (cerca de R$ 1,2 milhão) foi congelada e indisponibilizada para ser gasta", diz o vereador Carlos Neder (PT), ex-secretário municipal da Saúde na gestão Erundina.
E a previsão para 1998 é pessimista. O Orçamento apresentado pela Secretaria Municipal das Finanças, ainda não aprovado pelos vereadores, prevê uma verba de cerca de R$ 244.000 para o serviço -uma redução de 92%, em relação à verba prevista para este ano.
Silêncio
"Já mandei várias requisições ao secretário Massato Yokota (Saúde) há mais de três meses para saber o que está acontecendo, mas não obtive resposta", diz Neder. O prazo oficial para o secretário responder a um pedido como esse é de 30 dias.

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