São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997
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Reserva é dado estratégico

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O nível das reservas em moeda estrangeira é uma informação estratégica porque mostra até que ponto o país está vulnerável a um ataque especulativo contra sua moeda.
Os dólares que formam as reservas são adquiridos pelo Banco Central no mercado financeiro. Os dólares chegam ao país por meio de operações como exportações e empréstimos.
Há duas semanas, o Banco Central vendeu parte dos dólares que tinha em caixa para enfrentar o princípio de pânico que tomava conta do mercado financeiro. Se as reservas são pequenas, o país tem menos poder de fogo para combater crises.
Mas não é só o tamanho das reservas que importa -também é necessário verificar a qualidade do dinheiro que forma as reservas e a dependência do país em relação ao capital externo.
Causa preocupação se a maior parte do dinheiro que forma as reservas é capital de curto prazo, que pode deixar o país a qualquer momento.
Também é um sinal de alerta se o Brasil é deficitário nas suas transações com outros países. Se tem déficit, o país depende do capital externo para se financiar.
É por isso que investidores estrangeiros ficam de olho no principal indicador das contas externas: o déficit nas transações correntes.
O déficit em transações correntes é um balanço das receitas e despesas do Brasil em negócios com os demais países.
Nele, são incluídas as operações de comércio exterior (exportações e importações), os serviços (pagamento e recebimento de juros, gastos de turistas, remessa de lucros etc.) e as transferências unilaterais (dinheiro que residentes no exterior enviam ao Brasil e vice-versa).
Quando o país tem despesas acima das receitas, é obrigado a recorrer ao capital estrangeiro para cobrir a diferença. Assim, quanto maior o déficit em transações correntes, maior a dependência em relação ao capital estrangeiro.
Sobre esses capitais, a informação mais importante é o grau de volatilidade -ou seja, a facilidade com que o dinheiro pode deixar o país em momentos de crise.
Os investimentos diretos (construção de fábrica e compra de empresas, por exemplo) são considerados capital de melhor qualidade.
Os investimentos em Bolsa são mais voláteis que os diretos, pois podem sair mais rapidamente. O BC estima que existam US$ 33 bilhões investidos em ações.
Há ainda os empréstimos de curto, médio e longo prazos. Quanto maior o prazo, melhor a qualidade do capital.

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