São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997
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EUA adiam expulsão de 1 milhão de ilegais

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Em mais um lance do ziguezague legislativo que tem desnorteado a vida de imigrantes legais e ilegais nos EUA nos últimos 15 meses, o Congresso resolveu permitir a permanência no país de cerca de 1 milhão de pessoas que tentam regularizar sua situação.
Dois prazos haviam sido dados desde agosto para que esses imigrantes ilegais em processo de legalização deixassem os EUA sob pena de não serem admitidos de novo no país por até dez anos.
Agora, se pagarem uma multa de US$ 1.000, eles poderão aguardar nos EUA a resolução do processo de sua legalização. Milhares de pessoas que acreditaram nos ultimatos anteriores e saíram dos EUA, no entanto, terão seu retorno enormemente dificultado.
Todos os imigrantes ilegais terão agora até 14 de janeiro de 1998 para dar início ao processo de legalização caso tenham empregadores ou familiares que se comprometam a sustentá-los. Após aquela data, todos eles terão de deixar o país.
A nova decisão foi tomada após meses de pressão de entidades de defesa dos direitos de imigrantes. O Partido Republicano, que tem maioria no Congresso, se deixou sensibilizar pelos argumentos, em especial da comunidade hispânica, um do grupos étnicos que têm mais crescido em eleitores.
O Congresso também resolveu anistiar 150 mil nicaraguenses e 5.000 cubanos que entraram ilegalmente nos EUA até dezembro de 1995, sob o argumento de que eles são refugiados políticos.
Mas 200 mil salvadorenhos e 50 mil guatemaltecos não receberam o mesmo benefício e terão de solicitar anistia provando que também fugiram de condições políticas adversas.
O privilégio dado a nicaraguenses e cubanos está provocando ressentimentos entre integrantes de comunidades de outros países da América Central e do Caribe e divisões no movimento hispânico.
Líderes da comunidade diziam ontem que nada, nem mesmo as resoluções adotadas ontem de madrugada pelo Congresso, vai apagar a imagem negativa que os parlamentares do Partido Republicano deixaram entre hispânicos pela convulsão em que transformaram suas vidas nos últimos meses.
Entre imigrantes legais, o sentimento é similar. Pelo menos um caso de suicídio ocorreu entre os que haviam sido condenados a perder os direitos previdenciários de que desfrutavam, devido a lei aprovada em 1996 pelo Congresso.
Mas, no dia em que a lei deveria entrar em vigor este ano, foi suspensa. Ontem de madrugada, sua entrada em vigor foi adiada.
Essas marchas e contramarchas da lei têm sido condenadas até pelos que defendem política mais dura contra os imigrantes.
A seu ver, elas estimulam os imigrantes a ficar na ilegalidade, na esperança de que o Congresso reveja sua posição no último instante ou de que o Executivo lhes conceda anistia, como já aconteceu diversas vezes no passado recente.
Os líderes republicanos disseram que esta foi a última concessão que fizeram.
(CELS)

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