São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997 |
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Sociólogo quer Brasil no Conselho da ONU
ANTONIO CARLOS SEIDL
Alemão de nascimento, mas radicado no Reino Unido, lorde Dahrendorf chega hoje a São Paulo para o lançamento da edição brasileira de seu novo livro "Depois de 1989: Moral, Revolução e Sociedade Civil" (ed. Paz e Terra) amanhã, com palestra na USP (Universidade São Paulo). O prefácio -a Folha publica a íntegra com exclusividade nesta página- é de autoria do presidente Fernando Henrique Cardoso, seu primeiro texto acadêmico desde que assumiu o governo. Dahrendorf será recebido por FHC com um coquetel na quarta-feira, no Palácio da Alvorada. Liberal Democrata, Dahrendorf foi diretor do St Antony's College (Oxford), de 87 a 97, e da London School of Economics, de 74 a 84. A seguir, trechos da entrevista. * Folha - Qual é a mensagem de seu novo livro? Ralf Dahrendorf - A de que a democracia só sobreviverá se for baseada em fortes sociedades civis. Folha - Como é essa sociedade? Dahrendorf - Uma sociedade que cria as condições para a competitividade e o crescimento econômico, defendendo, ao mesmo tempo, a inclusão social sob a égide de instituições livres. É difícil, mas podemos chegar perto. Folha - Como o sr. vê o Brasil? Dahrendorf - De maneira muito positiva. É um dos grandes países do mundo, em tamanho e em importância. O presidente Fernando Henrique Cardoso tem feito um trabalho maravilhoso, mudando o país para melhor, transformando-o em uma das histórias de sucesso desta década. Folha - Como o sr. analisa os efeitos da crise asiática no Brasil? Dahrendorf - Fiquei muito surpreso com o rigor do impacto da crise asiática no Brasil. Folha - O que é essa crise? Dahrendorf - Essencialmente, representa a descoberta pelos países do sudeste da Ásia que a realidade é para todos nós. Acho que eles estão se dando conta que suas economias não podem ir sempre para frente e para cima. Folha - Mas o contágio da crise asiática deveria ter sido tão amplo? Dahrendorf - Fiquei surpreso com o contágio da crise asiática na Europa e Estados Unidos. Folha - Por quê? Dahrendorf - Porque o desequilíbrio das economias do sudeste da Ásia é essencialmente um problema asiático. Folha - O Brasil reagiu certo à crise asiática? Dahrendorf - A reação do presidente Fernando Henrique Cardoso foi forte e correta. As medidas fiscais e monetárias foram adequadas. Eu acho que o mais importante agora é manter a calma. Não é hora de inventar soluções milagrosas porque elas não existem em economia. O Brasil é um dos países que tem razões muito fortes para manter a calma. Folha - Qual é o papel que o Brasil deve desempenhar no mundo globalizado deste final de século? Dahrendorf - O mundo globalizado precisa de países abertos uns aos outros. O Brasil deveria ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Folha - Por quê? Dahrendorf - Porque o Brasil é uma das grandes potências do mundo. Poderia contribuir muito para o fortalecimento e para a defesa da democracia no mundo. Acho que a candidatura do Brasil ao Conselho de Segurança é uma candidatura legítima. Texto Anterior: PF ouve secretária de sócio do Monte Cristo Próximo Texto: ÍNTEGRA Índice |
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