São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Bolsas desorientam a corrida eleitoral

Governo tenta reagir e oposição procura um rumo

LUÍS COSTA PINTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise das Bolsas de Valores levou o governo a se reunir no último fim de semana e baixar um pacote fiscal com medidas impopulares como o aumento de impostos e de combustíveis. Isso é um risco eleitoral que os coordenadores da campanha de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso terão que correr e vencer. Mas a oposição também está desnorteada com a queda das Bolsas e a fuga de capitais estrangeiros.
O PT e os demais partidos de esquerda (PSB, PDT e PC do B), preparavam uma série de discursos e argumentos para defender a moeda brasileira nos palanques presidenciais de 98 e atacar pontos negativos do Plano Real como o desemprego, a recessão e a falta de investimentos sociais. Previam crescimento para a economia no final deste ano e em 98.
"Não vamos atacar a moeda, foi um erro ter feito isso em 94, mas outros aspectos do Plano Real trouxeram recessão para o Brasil e estão provocando desemprego e paralisação da economia. Não esperávamos esta crise das Bolsas, nem a alta das taxas de juros que serão ainda mais recessivas", diz o provável candidato dos partidos de esquerda à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Vamos ter que elaborar maneiras de sair desta crise, que foi fabricada pelo governo e pelo seu medo de perder a reeleição. O pacote de medidas só foi imposto ao Congresso e à sociedade porque o FHC governou pensando na reeleição e com medo de tomar medidas impopulares que corrigissem o Plano Real aos poucos", teoriza Lula.
Economistas do PT e dos demais partidos de esquerda estão se reunindo, desde a terça-feira passada, para rever tópicos da proposta de programa de governo que divulgarão na campanha de 98. Esta revisão concentra-se nas medidas de ajuste fiscal e no debate sobre a necessidade ou não de desvalorizar o real em relação ao dólar para acelerar as exportações. "Feita agora ou daqui a um ano, a desvalorização será um desastre, mas talvez seja necessária porque a economia não suportará tantos desajustes", diz a economista e deputada Maria da Conceição Tavares (PT-RJ).
Os temas econômicos também se tornaram assunto preferencial de debates entre os encarregados da campanha de reeleição de FHC. Toda a estratégia desta campanha centrava-se nos ganhos obtidos pela população com o Plano Real.
Agora, tucanos e pefelistas já se preparam para explicar nos palanques e nos programas eleitorais do rádio e da TV a necessidade das mais recentes medidas corretivas, como o aumento do Imposto de Renda da Pessoa Física e do preço dos combustíveis. "Precisamos reagir. Estamos no caminho certo, e o eleitor entenderá isso", crê o deputado Arthur Virgílio Neto, secretário-geral do PSDB.

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