São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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"Não estou falando sobre a minha vida pessoal"

DA SUCURSAL DO RIO

"O Plínio fez uma metáfora do exercício do poder e da opressão. A puta e o veado são a válvula de escape da sociedade hipócrita que vivemos", disse Neville, sobre o filme "Navalha na Carne".
"O Vado não pode ser esquecido. Ele é o retrato da sociedade. O Perugorría fez bem porque, além de ser um excelente ator, é bonito e gostoso. Como a sociedade, ele é sedutor. A sociedade massacra seduzindo", completou Vera.
O ator cubano Jorge Perugorría ganhou fama internacional ao interpretar um intelectual homossexual em "Morango e Chocolate", filme cubano premiado com o Urso de Prata do Festival de Berlim de 1994 e indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Vera fez questão de dizer que não estava se referindo a sua vida pessoal. "Tudo o que estou falando é sobre o filme, não tem nada a ver com a minha estada no Solar. Lá, aprendi a lidar com a dependência química. Agora vou aplicar isso na minha vida."
Vera está cumprindo a quarta das cinco etapas que o modelo Minnesota, adotado pela clínica Solar do Rio, determina para a recuperação de pessoas com dependência químicos.
Para completar essa fase do tratamento, como explicou a diretora da clínica, Constança de Freitas, a atriz deverá responder a um questionário de 50 folhas, onde "tem de fazer uma lista de seus ressentimentos e qualidades".
A conclusão do tratamento está prevista para a próxima quinta-feira, no mesmo dia em que Vera participará da pré-estréia de "Navalha na Carne" e de uma festa no Palácio Itamaraty (centro do Rio). Ela também comparecerá a uma sessão especial para prostitutas no cine Palácio (centro).
Vera contou que, ao sair da clínica para as viagens de divulgação do filme, em Salvador, Fortaleza e Recife, ficou "um pouco assustada com o assédio das pessoas".
"Parece que a cada dia estou ficando mais famosa. Não posso dizer que não gosto disso. Sei que as pessoas me amam, porque não sou inatingível. Sou simpática, humana e humilde", disse Vera, ao mesmo tempo que buscou o olhar de aprovação do terapeuta Tito Gomes, do Solar do Rio.
Gomes tem acompanhado a atriz sempre que ela precisa sair da clínica. Também estará com ela amanhã em São Paulo e quarta em Brasília, para sessões especiais de "Navalha na Carne".
Vera Fischer está com muitos planos profissionais. O contrato dela com a TV Globo vai até final do ano que vem, mas ela disse que não pretende fazer novelas. "Já conversei com o Boni e talvez participe de uma minissérie."
Ela fará uma participação ao vivo hoje no "Faustão".
No dia 18 de dezembro, estréia a peça "Gata em Teto de Zinco Quente", de Tennessee Williams, em São Luís (MA). A partir de janeiro, fará temporada no teatro Villa-Lobos, no Rio.
"Eu me sinto privilegiada por, depois da Neusa Suely, fazer a Maggie, que também é uma mulher transgressora. O Moacyr Góes (diretor da peça) acha que a personagem é a minha cara."
Neville D'Almeida também está escrevendo o roteiro de um filme, que tem o nome provisório de "Tempestade Tropical", no qual a protagonista "é a cara da Vera". "Ela é a própria tempestade tropical", disse o cineasta.
A atriz já foi inspiração de outro filme. Em 1975, produziu "Intimidade", com o então marido, Perry Sales, quando decidiu dar outro rumo para sua carreira, deixando de lado o rótulo de símbolo sexual.
O filme -que teve argumento do escritor Carlos Heitor Cony e direção do inglês Michael Sarne- conta a história de uma modelo bem-sucedida que passa por uma crise existencial.
Insatisfeita, conhece um pintor meio hippie e por meio desse relacionamento procura dar uma dimensão maior à sua vida e alcançar uma nova visão do mundo.
"'Intimidade' foi realmente um divisor de águas na minha carreira, mas não tem nada mais a ver comigo. Faz tempo que passei o cetro de miss Brasil."

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