São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Um projeto para combater a recessão

ANÉSIO ABDALLA

O presidente Fernando Henrique Cardoso tem conferido grande destaque à retomada do investimento imobiliário. Em reunião com líderes governistas, no dia 4 de novembro, ele mencionou o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) como um dos pilares de sustentação do crescimento e da geração de empregos, no ano que vem.
O SFI está em via de ser aprovado pelo Senado; seu envio para sanção presidencial ocorrerá em poucos dias. O ministro do Planejamento, Antonio Kandir, traduziu a importância do SFI ao prever que a construção civil irá responder pela geração de centenas de milhares de empregos em 1998.
A demanda por habitações é proporcional ao déficit, estimado em 5 milhões de casas ou apartamentos, número que se eleva para 10 milhões quando computadas as pessoas que querem imóveis maiores e melhores. É bem mais amplo, porém, o tipo de operações suscetíveis de financiamento pelo SFI.
No plano habitacional, o primeiro desafio é desenvolver mecanismos para reduzir o déficit a proporções toleráveis. O segundo é assegurar a oferta de unidades a preços compatíveis com a renda dos compradores potenciais. O terceiro é criar condições macroeconômicas favoráveis ao investimento em unidades familiares ou condomínios.
Está em curso uma grande reestruturação dos mecanismos imobiliários, em que os serviços são terceirizados e avolumam-se os projetos para constituir fundos imobiliários e operar recebíveis imobiliários. Estão sendo vencidas algumas resistências no tocante aos custos, pois cabe reduzir os ônus cartorários, com registros e intermediação.
A tendência declinante dos juros vinha sendo expressiva antes da crise das Bolsas. Haverá, agora, um período de transição até que os juros básicos da economia possam declinar.
Tal é a importância do SFI, que permitirá abrir o leque de financiamentos. Shoppings centers, hotéis, escritórios, loteamentos ou habitações de lazer poderão encontrar fontes de recursos nas instituições do SFI. As mais diversas operações poderão ser realizadas, sem as amarras normativas do SFH. Se os juros representam um óbice, vão estimular o desenvolvimento dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Esses papéis deverão ser o principal instrumento de captação de recursos do SFI. Tomar recursos para concluir uma obra pode ser melhor do que interromper uma edificação, pois, nesse caso, o capital fica parado e não propicia rendimento.
Estimular o investimento imobiliário é usar um instrumento anticíclico clássico, pois a construção civil promove crescimento econômico sem onerar a conta cambial. O SFI nasce, portanto, como solução para reduzir o grau de desaquecimento, criando condições para estimular um setor já rebatizado de "construbusiness" por seus efeitos multiplicadores sobre o conjunto da atividade econômica, dos projetos arquitetônicos até a decoração, o mobiliário e o paisagismo, itens que se adicionam ao principal -a matéria-prima, a construção, o financiamento e a comercialização de imóveis.

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