São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Imagens do século 21

ANA MARIA GUARIGLIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A impressora de alta resolução, que capta imagem sem câmera fotográfica, e o equipamento digital para fotos tridimensionais são algumas novidades que fazem parte dos projetos fotográficos para o próximo milênio.
Segundo a revista norte-americana "Wired", não se trata de conjecturas, mas de estudos que estão sendo desenvolvidos por cientistas norte-americanos e japoneses e por "professores pardais" de instituições como o Instituto de Fotografia de Rochester, no Estado de Nova York (EUA).
A impressora pessoal, acoplada a um sensor que rastreia os pontos de luz da imagem a ser fotografada, substituindo a câmera que conhecemos, deverá ser introduzida por volta do ano 2015.
Depois de captar as imagens, o sensor as transmite diretamente para a impressora, que grava a foto com resolução de 3.200 ppp por 6.400 ppp (pontos por polegada), similar às imagens impressas hoje em papel tamanho postal.
O fotógrafo norte-americano Rick Smolan, criador do livro "Passage to Vietnam", com trabalhos de fotógrafos que passaram mais de 24 horas fotografando a região, acredita que a impressora pessoal terá um sistema baseado na impressão laser, mas muito superior ao processo usado hoje.
Por volta de 2018, deverão ser utilizados cartões de gravação, mais avançados que os atuais, para equipamentos digitais. Esses dispositivos poderão armazenar dezenas de imagens de altíssima resolução, com compressão superior ao formato JPG, hoje utilizado nos micros.
Imagem 3-D digital
O projeto da fotografia tridimensional digital deverá ser possível por volta dos anos 2020 ou 2030, baseada na tecnologia da TV digital.
No mundo das especulações das viagens interplanetárias, esse tipo de foto vai facilitar os estudos mais detalhados do solo dos planetas, que, na época, deverão ser visitados.
Na documentação, na moda e nos registros sociais e políticos, a foto 3-D poderá ser gravada em uma impressora de alta resolução e observada nas telas dos micros com programas especiais.
As imagens serão transmitidas para micros e impressoras por um sistema similar ao controle remoto por infravermelho, mas muito mais rápido.
Outro recurso desse equipamento é a objetiva zoom de 9mm a 400 mm, que está em experiência no Japão e em Taiwan. Ela deverá ser feita com um material levíssimo, o que a possibilitará pesar menos de 400 g. Ainda não existe uma objetiva desse porte. Se existisse, pesaria mais de 3 kg.
Na mesma câmera, outro dispositivo é o comutador para fotos de 360 graus, abrangendo todo o cenário em volta do fotógrafo.
Esse processo, batizado de "Holographic Digital Technology", não terá objetiva rotatória para captar as imagens, mas um sistema a laser.
A máquina deverá ser utilizada principalmente em medicina para fotografar aparelhos ou sistemas de órgãos, a musculatura e a formação óssea.
Renascimento
Já o londrino Larry Kunnighan, ilustrador e pesquisador de imagens, explica que daqui a 30 ou 40 anos deverá haver uma espécie de renascimento das técnicas de processamento da fotografia usadas no século 19.
Artífices deverão reinventar métodos de impressão com o uso de claras de ovos, farinha e gomas como emulsão. Para Kunnighan, esse resgate será uma forma de não concordar com os avanços da tecnologia digital.
Ao mesmo tempo, deverá renascer a arte da manipulação da imagem e a criatividade.

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