São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 1997
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Família com 34 adotivos corta gastos

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A crise econômica obrigou o casal Rudival e Vera Cohim, de Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana de Recife, a cortar pela metade, este ano, as despesas com seus 34 filhos adotivos.
As crianças -todas com idades entre 6 e 12 anos- deixaram as escolas particulares e passaram a frequentar estabelecimentos públicos de ensino.
O corte de despesas recaiu também sobre o vestuário e a manutenção do prédio de três andares, construído para abrigar os filhos, que não cabem na casa dos pais.
Desde junho, a família passou a aceitar contribuições de voluntários para manter o local.
"Essa é uma situação inédita", disse Vera. "Em um período de 12 anos, nunca precisamos de ajuda", afirmou.
O prédio abriga, numa área anexa, uma instituição religiosa criada pelos Cohim 15 dias antes da primeira adoção.
Economia
Os cortes, que permitiram uma economia total de R$ 5.000 por mês, somente não afetaram a alimentação.
As 34 crianças -todas registradas com o sobrenome dos pais- continuam recebendo comida balanceada, preparada por nutricionistas de uma das empresas do casal.
"Nunca passamos por um período tão crítico como este ano", disse Vera.
"Entendo perfeitamente por que os brasileiros estão adiando a decisão de adotar", afirmou. "Conscientemente, hoje eu não adotaria uma criança."
Além dos 34 filhos adotivos -15 meninas e 18 meninos-, Vera e Rudival têm mais cinco filhos, com idades entre 25 e 34 anos.
Desde que decidiram acolher bebês abandonados, há 12 anos, 38 crianças já passaram pela casa dos empresários.
Dois deles morreram e dois foram "readotados" por casais amigos.
Burocracia
Vera afirma que enfrentou "muita dificuldade" com a burocracia para oficializar as adoções.
Segundo ela, houve casos em que a liberação da certidão de nascimento só ocorreu depois de quatro anos.
Sobre o futuro, ela afirma que se alegra por ainda não saber o que vai acontecer no próximo ano.
Sobre o pacote fiscal do governo federal ela diz: "Não nos atinge, no sentido de desespero".

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