São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 1997
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Bagdá esvazia hospitais e espera ataque

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo iraquiano ordenou ontem a retirada de todos os doentes de hospitais de Bagdá, a capital. Como preparação para um eventual ataque aéreo dos EUA, só estão sendo mantidos nos locais doentes que necessitem de cuidados intensivos.
Também por temor de uma ação militar, o combustível está sendo racionado no país. Centenas de pessoas ocuparam ontem uma fábrica de material têxtil na capital, para funcionar como escudos humanos em caso de confronto.
Membros do governo iraquiano dizem que os palácios presidenciais do país já estão ocupados pela população, pelo mesmo motivo.
O porta-aviões americano George Washington continuava ontem viagem ao golfo Pérsico. O mau tempo retardou a embarcação por várias horas no canal de Suez (Egito). Outro porta-aviões dos EUA, o Nimitz, já está no golfo.
Enquanto isso, EUA e Iraque intensificaram suas ofensivas diplomáticas em busca de apoio na crise iniciada pelo regime de Bagdá, que nega acesso de inspetores americanos (a serviço da ONU) a potenciais fábricas e depósitos de armas.
A secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, que está na região do golfo Pérsico, acusou o governo de Saddam Hussein de mentir e de obstruir o trabalho da ONU nos seis anos que se seguiram à Guerra do Golfo.
Depois da invasão do Kuait, em 1990, a ONU impôs sanções econômicas contra o Iraque. O fim do embargo está condicionado à verificação pelas Nações Unidas de que o país não possui mais armas de destruição em massa.
"Infelizmente para o povo iraquiano, em vez de atender às exigências, por seis anos Saddam Hussein tem mentido, atrasado, obstruído (o trabalho da ONU)."
Ela discursou em uma conferência econômica em Qatar, boicotada por muitos dos aliados árabes de Washington. Os poucos líderes árabes presentes responsabilizaram Israel pelo impasse no processo de paz no Oriente Médio.
Na semana passada, Albright disse ao premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que sua atitude intransigente com os palestinos poderia aglutinar as lideranças árabes em torno de Saddam.
O jornal iraquiano "Al Thaura", do partido governista Baath, acusou os EUA de obstruir o diálogo entre Bagdá e o Conselho de Segurança da ONU para "completar suas preparações militares".
O presidente dos EUA, Bill Clinton, e o premiê do Reino Unido, Tony Blair, reafirmaram ontem que não descartam uma saída militar para a crise. Os outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, China, Rússia e França, rejeitam a opção armada.
Pesquisa divulgada pela revista "Newsweek" afirma que 82% dos norte-americanos são favoráveis a uma intervenção militar no Iraque, caso o país derrube aviões de espionagem U-2 dos EUA.

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