São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997
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Preço da terra cai 50% desde o Real

BRUNO BLECHER
EDITOR DO AGROFOLHA

Os preços das terras agrícolas continuam em queda em quase todo o país, segundo revela o último levantamento realizado pelo Centro de Estudos Agrícolas, da Fundação Getúlio Vargas, relativo ao primeiro semestre de 97.
No período de doze meses (junho de 96 a junho de 97), os preços médios das terras de lavoura no país registraram queda real de 14,1%. Terras de pastagem sofreram desvalorização de 11,65%.
"Desde o Plano Real, o preço médio da terra no país caiu 50%", informa a pesquisadora Maria José Cyhlar Monteiro, da FGV.
Para ela, a queda é consequência da estabilidade econômica e das elevadas taxas de juros.
"Com isso, a função da terra como reserva de valor desapareceu e ela passou a ser vista como um ativo produtivo. A demanda dos especuladores se desloca da terra para as aplicações financeiras, mais líquidas e rentáveis", explica a pesquisadora.
O economista Fernando Homem de Melo, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo, aponta mais dois fatores que estariam influenciando para a derrocada dos preços: o medo das invasões dos sem-terra e o endividamento dos produtores rurais.
"A ameaça das invasões leva muitos produtores a venderem suas terras", diz Homem de Melo.
Ele acredita, porém, que o efeito da estabilidade econômica, que exerceu forte influência para a derrubada dos preços após o Plano Real, deixou de ter importância nos últimos meses.
"A inflação baixa já está consolidada na expectativa dos agentes econômicos. Agora, o risco agrário, representado pelas invasões, e a dívida agrícola são as principais causas dessa desvalorização".

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