São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pacote fiscal também atinge agricultura

FÁBIO EDUARDO MURAKAWA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Elevação dos custos de produção e queda da renda agrícola.
Essas serão as principais consequências do pacote fiscal na agricultura, na avaliação de economistas da área rural e produtores.
O aumento dos preços dos combustíveis, por exemplo, vai encarecer o frete para escoamento da nova safra, que começa a ser colhida em fevereiro do próximo ano.
Segundo o superintendente da APA (Associação Paulista de Avicultura), José Carlos Teixeira da Silva, isso terá reflexos, inclusive, no bolso do consumidor.
"Tudo o que tiver influência nos nossos custos terá de ser repassado", afirma.
Para o gerente técnico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná) Nélson Costa, porém, será difícil fazer o repasse de custos ao mercado interno.
"O consumidor já será prejudicado pelo aumento do Imposto de Renda e das tarifas públicas. Seu poder aquisitivo será menor."
Com isso, diz, quem tem sua produção voltada para o mercado interno pode ter prejuízos.
"Apesar de ter custos de produção mais elevados, os produtores não devem conseguir aumentar os preços."
Fernando Homem de Melo, economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), da Universidade de São Paulo, diz que as medidas anunciadas pelo governo nas últimas semanas devem ter dois efeitos.
"A recessão vai refrear a demanda interna por alimentos. A alta dos juros deve elevar o custo de estocagem dos produtos agrícolas."
O presidente da Fearroz (Federação das Cooperativas de Arroz do Rio Grande do Sul), André Barretto, não acredita em queda de consumo.
Para Barretto, a preocupação maior são os gastos com fertilizantes, fungicidas e herbicidas.
Segundo ele, a matéria-prima das indústrias de insumos, na grande maioria dos casos, é importada.
"Se o governo taxar essas importações, certamente o produtor irá arcar com as consequências", diz Barretto.
Efeito positivo
Para o diretor do Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná, Norberto Ortigara, o momento pode propiciar "uma proteção desejável para a agricultura".
"Será ótimo se o Mercosul fechar acordo para um aumento comum de tarifas de importação."
Segundo ele, o Brasil terá a oportunidade de corrigir um erro histórico, que cometeu "ao escancarar as porteiras para a compra externa de produtos agrícolas".
Norberto Ortigara diz que o setor de alimentos foi o que sofreu a mais drástica redução de tarifas de importação.

Texto Anterior: Rainhas são retidas no aeroporto
Próximo Texto: Lusitano dá show em Jaguariúna (SP)
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.