São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997 |
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40% das crianças do país são pobres
FERNANDA DA ESCÓSSIA
O número equivale a 40,4% da população nessa faixa etária. É como se essas crianças vivessem em famílias de quatro pessoas e renda familiar mensal inferior a dois salários mínimos (R$ 240). É o que mostra o documento "Indicadores Sociais sobre Crianças e Adolescentes", divulgado ontem pela Fundação IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). O documento compreende o período de 1991 a 1996 e foi estruturado a partir da compilação de diversas pesquisas do IBGE e de registros administrativos de órgãos governamentais. A maioria dos dados se refere ao ano de 1995. Em alguns Estados, como o Maranhão, chega a 70% o percentual de crianças em condições de pobreza. São Paulo tem o melhor índice (15,8%). Um dos problemas sociais relatados no documento é o trabalho infanto-juvenil. Segundo os dados do IBGE, 4,6 milhões de crianças e adolescentes (10 a 17 anos) estudam e trabalham, e 2,7 milhões na mesma faixa etária só trabalham. Desses dois grupos fazem parte 3,5 milhões de crianças e adolescentes (10 a 17 anos) que trabalham mais de 40 horas por semana. Na mesma faixa etária há mais 1 milhão em busca de emprego. Na faixa etária de 5 a 9 anos há 522 mil crianças trabalhando. Os maiores percentuais de trabalho infantil estão nos Estados do Maranhão, Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Norte, e os menores, em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Entre as crianças de 5 a 9 anos que trabalham, mais de 80% estão ocupadas na atividade agrícola. As únicas exceções nesse quesito estão nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde são maiores os percentuais de trabalho infantil urbano. Pelo menos 658 mil crianças e adolescentes de 10 a 17 anos não estudam, não trabalham nem realizam afazeres domésticos. Os percentuais mais altos de pessoas nessa situação estão nos Estados de Alagoas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. "O trabalho infantil é muito grave, mas esse grupo também nos preocupa. Se não estudam, não trabalham, não ajudam em casa, é preciso saber onde estão eles", diz Ana Lúcia Saboia, do Dipes (Departamento de População e Indicadores Sociais) do IBGE. O estudo traz dados específicos para cada Estado e revela as disparidades regionais brasileiras. Os indicadores de educação, por exemplo, mostram aumento dos percentuais de crianças matriculadas em escolas. O analfabetismo entre adolescentes de 15 a 17 anos, porém, chega a 20,1% no Piauí e 23,1% em Alagoas. Já os índices de São Paulo (1,1%) e Rio Grande do Sul (1,4%) são comparáveis aos de países como Argentina, Chile e Uruguai. Próximo Texto: Menino troca escola por vendas Índice |
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