São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SP pode ter metrô sem condutor em 2004

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção do Metrô paulistano estuda a implantação de um sistema sem condutores na linha 4, que vai ligar a estação da Luz (região central) à Vila Sônia (na zona sul da cidade).
A linha, que vai custar cerca de R$ 1,5 bilhão (valor a ser dividido entre o Estado, financiamentos e concessão à iniciativa privada), deve ter sua construção iniciada no próximo ano. A previsão de conclusão é de seis anos.
A proposta, baseada no modelo francês, inclui a automatização total da operação.
Em Lille e em Lyon, na França, o sistema funciona desde 1983. E, segundo o assessor da presidência da empresa responsável pelo gerenciamento nessas regiões -a Generale de Transport et D'Industrie-, Henri Frey, houve redução nos custos de operação, "algo entre 10% e 20%".
"O maior benefício sentido pelo usuário foi a diminuição no tempo de espera entre os trens. Antes, fora dos horários de pico, era de 15 a 20 minutos. Com o novo sistema, passou para apenas 6 minutos."
No novo sistema, o antigo condutor é deslocado para outras funções. Em alguns casos, ele é remanejado para dentro do trem do metrô, para dar informações ou cobrar o tíquete dos passageiros.
"Essa tecnologia é muito boa, mas só podemos utilizá-la em ramais novos, como na linha 4. Seria muito caro introduzir a automatização total nas linhas já existentes", diz o assessor técnico da presidência do Metrô, Peter Alouche.
A possibilidade de retirar os condutores do metrô já mobilizou o sindicato da categoria -cerca de 800, na capital.
Criação de empregos
"Não somos contra novas tecnologias, mas essa proposta vai reduzir o número de postos de trabalho. O governo devia pensar em criar mais empregos", diz o presidente do sindicato dos metroviários, Pedro Augustinelli Filho.
Segundo Frey, até hoje não houve nenhum grave acidente envolvendo os trens franceses, controlados e operados totalmente por computadores.
"Nos casos em que o condutor é deslocado para o serviço de atendente, dentro dos trens, há uma humanização de sua atividade, pois ele passa a ter contato direto com o usuário", diz.
O sistema já foi implantado no Canadá (em Vancouver), em Cingapura e, em breve, poderá ser utilizado também em Paris.
"No início, muita gente não acreditava na eficiência do sistema. Foi preciso um ano de operação para que as pessoas se convencessem de seus benefícios."

Texto Anterior: Excesso de velocidade provoca seis mortes
Próximo Texto: Acidente entre 3 ônibus deixa 24 feridos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.