São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997
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Governo admite aumento do desemprego

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A taxa média de desemprego será mais alta neste ano e ficará próxima de 6%, contra os 5,42% registrados em 96.
A queda das vagas em São Paulo está puxando o índice para cima e este segundo semestre já apresenta índices mensais superiores aos do ano passado.
Essa tendência poderá ser agravada pelos efeitos da alta dos juros e do pacote fiscal adotados pelo governo.
O ministro Paulo Paiva (Trabalho) disse que o crescimento da taxa de desemprego é anterior às medidas anunciadas e é influenciado pelo processo industrial paulista.
O aumento da competitividade internacional provocou a redução do número de vagas, sobretudo na indústria.
No entanto, essa redução de vagas poderá ser ampliada, dependendo da manutenção das taxas de juros.
"O impacto dessa medida vai depender da extensão de duração dos juros altos", disse à Folha.
Esse comportamento mostra que o nível médio do desemprego subiu. O índice, que antes oscilava próximo aos 5%, agora está perto de 6%.
Queda do consumo
O ministro explica que os próprios empresários já previam uma redução da atividade econômica para o final deste ano também por causa da queda do consumo. A indústria já estava se antecipando ao fenômeno, com cortes de funcionários.
Desde maio, a pesquisa mensal feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) vem registrando taxas de desemprego crescentes, superiores às de 96. Em setembro deste ano, por exemplo, o desemprego cresceu 5,63%, enquanto em 96 a taxa ficou em 5,23%.
A média do desemprego ficou em 5,06% em 94, caiu para 4,64% em 95 e subiu para 5,42% no ano passado. No primeiro semestre deste ano, ela já estava em 5,75% e a tendência é que o segundo semestre registre um índice ainda maior.
"No nosso ponto de vista, quanto mais rápido conseguirmos aumentar o nível educacional e flexibilizar a legislação trabalhista, mais rápido vamos combater essa tendência", afirmou.
A Fundação Seade e o Dieese têm registrado índices de desemprego mais altos, acima de 15% em São Paulo, por exemplo, mas trabalham com conceitos mais amplos de desocupação. Incluem na taxa o chamado desemprego oculto (pessoas que fazem "bicos" esporádicos) e por desalento (desistiram de procurar emprego formal).
Pacote
Segundo Paiva, a maneira de minimizar os efeitos das medidas anunciadas pelo governo, principalmente das que tratam de impostos, é aumentar a competitividade da indústria nacional.
Na sua opinião, no entanto, não se pode dizer que o pacote fiscal já está produzindo impacto negativo na economia. Isso porque a redução da jornada de trabalho anunciada em algumas montadoras já era uma medida planejada.
Na opinião do ministro, o país não tem condições estruturais de forçar um crescimento da economia maior para atender à demanda da PEA (População Economicamente Ativa).
A previsão do governo de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 98 é de 2%, enquanto o crescimento da PEA deverá ser de 2,7%. Essa diferença, disse Paiva, é em parte acomodada pelo mercado informal.

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