São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997
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Líder muçulmano condena terrorismo

OTÁVIO DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ataque terrorista ocorrido ontem no Egito foi qualificado como "bárbaro" e "condenável segundo as leis islâmicas" por Ahmad Ali Saifi, 53, presidente da Junta de Assistência Social Islâmica Brasileira, uma importante entidade representativa da comunidade muçulmana de São Paulo.
"Quem praticou esse ato não tem autoridade. O Egito não está em guerra. E mesmo que estivesse, as leis islâmicas estabelecem limites para a guerra", diz.
Saifi nasceu no Líbano, veio para o Brasil há 33 anos e naturalizou-se brasileiro. Sua organização é situada em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
"As leis islâmicas ensinam que, numa guerra, você só pode combater o combatente", diz Saifi. "Civis, velhos, mulheres e crianças não devem ser atingidos. Nem mesmo plantações e árvores podem ser queimadas."
Embora não tenha sido reivindicado por nenhuma organização, acredita-se que grupos extremistas islâmicos estejam por trás do atentado. Esse foi o pior de uma série de atentados contra turistas iniciada há cinco anos.
Para Saifi, os responsáveis pelo atentado "não conhecem o islamismo". "Quando alguém sacrifica uma vida, sacrifica a humanidade inteira", diz.
"É uma coisa bárbara. Quem fez isso não faz parte do Islã. O Islã é uma religião de clemência", diz.
"Também é preciso dizer que, no Egito, existe muita duplicidade. Existem pessoas que matam em nome do Islã. Mas essas pessoas não são muçulmanas", afirma.
Para Saifi, se um grupo quer tomar o poder, precisa se organizar num partido de oposição.
"O terrorismo não é a forma permitida. Não está claro o que está acontecendo no Egito. Não há uma organização. Tem algo no ar, mas nada de concreto", afirma.
"Condenamos isso e fazemos um apelo ao governo do Egito para que seja mais severo. É obrigação do governo desmascarar esses grupos", diz.
"Os turistas deveriam ter sua segurança total garantida pelo governo. O Estado tem obrigação de protegê-los. Eles são visitantes e precisam ser protegidos", afirma.
(OD)

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