São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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NE perde 36 trilhões de litros de água por ano

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O Nordeste deixa de recolher todos os anos 36 bilhões de metros cúbicos de água -o equivalente a 36 trilhões de litros- por não aproveitar de modo eficiente a água da chuva.
A avaliação é da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) de Petrolina, cidade localizada no sertão de Pernambuco, a 760 quilômetros de Recife.
Segundo o engenheiro agrônomo e difusor de tecnologia do órgão Elias Moura Reis, o volume desperdiçado seria suficiente para solucionar os problemas dos moradores da região durante a seca.
Anualmente, diz ele, caem sobre o Nordeste no período de chuva -janeiro a julho- cerca de 700 trilhões de litros de água. Do total, 92% (644 trilhões de litros) evaporam ou se infiltram no solo.
Para Reis, o desperdício ocorre por falta de decisão política e desconhecimento de tecnologias dos sistemas de coleta. Os dados estão sendo debatidos desde segunda-feira no 1º Simpósio sobre Captação de Água da Chuva no Semi-Árido Brasileiro, em Petrolina.
Cerca de 300 técnicos, produtores e organizações não-governamentais da região participam do evento, que termina amanhã.
Segundo Reis, já há um consenso que a solução não passa pela construção de grandes açudes -que concentrariam o desenvolvimento em áreas restritas-, e sim, de pequenos reservatórios espalhados em todo o sertão. Após o simpósio, os organizadores vão elaborar um documento com sugestões aos governos federal e estaduais.
Aquecimento
O 3º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia, que acompanha as variações climáticas no Nordeste, constatou este ano a elevação da temperatura média na região durante o período de seca.
Segundo o meteorologista Paulo Roberto Meira, a temperatura no sertão está um grau Celsius acima da média dos últimos 30 anos. Para Meira, o fato pode estar ligado ao El Niño, fenômeno de aquecimento das águas do oceano Pacífico que altera o clima no mundo.

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